Comportamento

Vem aí a nova pandemia, sugere estudo da OMS

Cientistas ainda não sabem qual será o vírus ou bactéria causador, por isso estudam a hipotética Doença X, 20 vezes mais mortal que a Covid-19

Crédito: Joel Saget

"A história nos ensina que a próxima pandemia é uma questão de quando, não de se", diz Tedros Adhanom, diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (Crédito: Joel Saget)

Por Luiz Cesar Pimentel

O sinal de alerta aconteceu ainda durante a pandemia de Covid-19. Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu continuidade a um plano iniciado quatro anos antes – reuniu 300 cientistas de diversas nacionalidades e colocou na mesa uma lista de patógenos de 25 tipos diferentes de vírus e bactérias com capacidade de causarem crise pandêmica. Um desses é hipoteticamente chamado de Doença X, que segundo a organização “representa a causa de uma epidemia internacional grave”, 20 vezes mais mortal do que o causador da que estava sendo vivenciada pelo mundo.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse durante o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, que a Covid pode ter sido nossa primeira “Doença X” e que cientistas e especialistas continuam aprendendo ativamente com a experiência.

Não se sabe se a Doença X já existe nem se faz parte da lista de 25 patógenos estudadas desde 2022, mas está em curso plano de ação para combatê-lo e preparar o sistema de saúde global caso ganhe status de pandemia, o que um dos especialistas disse que pode acontecer mais cedo do que imaginamos.

“Há cepas de vírus com taxas de mortalidade muito altas que poderiam desenvolver a capacidade de transmitir eficientemente de humano para humano”, disse o médico Amesh Adalja, do Johns Hopkins Center.

Antes da pandemia, em 2019, agentes combatem surto de Ebola no Congo (Crédito:Jerome Delay)

De animais para humanos

A hipótese trabalhada por Adalja é de que a Doença X atinge o sistema respiratório e que já circula entre animais, mas ainda não tem capacidade de transmissão para seres humanos.

“Pode ser em morcegos, como a COVID-19, pode ser em aves, como a gripe aviária, ou pode ser em algum outro tipo de espécie animal, como os suínos. Na verdade, é na interface entre humanos e animais, onde as interações estão ocorrendo, que esses tipos de vírus conseguem se estabelecer”, justificou.

A física Ana Maria Henao-Restrepo, que coordena pesquisas e desenvolvimento de planos para epidemias na OMS, explica a estratégia da organização: “Não é possível investigar cada um dos milhares de vírus e bactérias que podem infectar seres humanos e animais em detalhes, portanto, é preciso ter uma estratégia para lidar com eles. É por isso que queremos identificar quais deles têm potencial pandêmico”.