Por Germano Oliveira Marcos Strecker e Vasconcelo Quadros

Arthur Lira sempre quis deixar o Executivo aos seus pés para tirar o máximo de vantagens para si e para seu grupo político, o Centrão. Foi assim com Bolsonaro e quer repetir o mesmo com Lula. Aprovou reformas importantes, como a Previdenciária e a Tributária, mas sempre em troca de cargos e verbas do Orçamento. Fez Bolsonaro praticamente abrir mão de governar e está tentando fazer o mesmo agora, mas Lula já mostrou que não vai aceitar esse jogo. Lira impôs algumas derrotas aos petistas, ameaçando determinar quem o PT manteria ou tiraria do Ministério. Primeiro, tentou derrubar Nísia na Saúde e depois quis tirar Padilha das Relações Institucionais. Lula deu-lhe uma enquadrada e ele teve que recolher as armas, por ora, pois ameaça colocar pautas-bomba para votar na Câmara.

Consertinhos

Lula não quer estressar as relações com o Congresso, especialmente com Lira e Pacheco. Por isso, chamou seus líderes no Parlamento, além de Haddad, para um almoço na sexta-feira, 19, com os quais quis saber como azeitaria o entendimento com o Legislativo. O presidente está apreensivo com as pautas-bomba que estão sendo armadas contra ele.

Quinquênio

No Senado, tem a PEC do Quinquênio, prevendo reajustes salariais às carreiras do Judiciário a cada cinco anos. Estima-se que essa PEC, que já foi aprovada na CCJ, pode aumentar as despesas públicas em até R$ 42 bilhões, detonando o arcabouço fiscal. Tem também pautas que ameaçam o equilíbrio entre os Poderes, provocado instabilidade com o STF.

Esquentando os motores

Chamado de “especulador medíocre” por Gleisi Hoffmann em suas redes sociais, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, não vê a hora de deixar o BC. Para o cargo, Haddad já tem Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária, que deve assumir em dezembro. Antes de sentar na cadeira, porém, o indicado por Lula precisa passar pela sabatina no Senado. Depois, o PT não pode criticar mais ninguém.

Rápidas

• O Brasil atingiu, em 2023, o mais alto rendimento médio domiciliar da história, no valor de R$ 1.848 (alta de 11,5% em relação a 2022), o que só foi possível graças ao Bolsa-Família, que repassou R$ 600 a cada família pobre, além dos R$ 200 por cada filho menor.

• Para encerrar a greve dos professores federais, Lula deve propor um aumento de 9%, mas só para 2025. Para 2024, o governo diz não ter dinheiro. Não seria o caso de tirar os recursos das emendas parlamentares?

• Lula deu o braço a torcer. Deu sinal verde para a Petrobras distribuir 50% dos dividendos extraordinários aos acionistas, entre os quais o próprio governo. Haddad está feliz da vida: R$ 6 bilhões entrarão nos cofres da União.

• Ao reajustar o mínimo de 2025 (R$ 1.502) acima da inflação, o governo está precificando uma crise nas contas públicas do ano que vem. Com esse salário, os gastos com a Previdência devem atingir R$ 980,9 bilhões.

Retrato falado

O ministro Alexandre de Moraes disse, na sexta-feira, 19, no Rio, durante o lançamento do Museu da Democracia, que “mercantilistas estrangeiros tratam o Brasil como colônia e manipulam as redes sociais”. Sem citar Elon Musk, o presidente do TSE classificou o empresário bilionário como “irresponsável que está se unindo a políticos extremistas brasileiros para atacar a democracia e a Justiça”. O ministro disse que liberdade de expressão não é liberdade de agressão.

Parceria ameaçada

Azedaram as relações do CIMI, braço da CNBB, com o governo, depois que o presidente Lula convidou o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, como parceiro na compra de terras para “para salvar aqueles Guaranis que vivem perto de Dourados, na beira da estrada”. A parceria seria um assentamento, como se os índios tivessem virado sem-terras da reforma agrária, algo que segundo o CIMI desrespeita a lógica para solucionar um problema histórico das etnias Guarani e Kaiowá, que reivindicam há décadas seus antigos territórios. Na  visão da entidade, Lula deveria comprar terras para assentar pequenos agricultores que ocupam as terras tradicionais.

A reação dos ruralistas

O Cimi estranhou a presença de Riedel, que já foi presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do estado (Famasul) e é um dos idealizadores do “leilão da resistência”, iniciativa realizada no passado para arrecadar recursos destinados à compra de armas que os fazendeiros utilizariam contra os indígenas.

A força de Kassab

O PSD, presidido por Gilberto Kassab, secretário de Governo de Tarcísio de Freitas, conseguiu superar o MDB na última janela de transferências partidárias de abril e tornou-se o maior partido do País. Só em número de prefeitos o partido possui 968. Apenas em SP, Kassab atingiu 329 prefeituras, grande parte delas conquistadas junto ao PSDB.

Bancada no Senado

No Senado, o PSD tem 15 cadeiras, incluindo o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, desbancando o PL (12) e o MDB (11). Na Câmara, o desempenho é menor. O partido é apenas a sexta bancada, com 43 deputados. Fica atrás do PL, PT, União, PP e MDB. Tem ainda 2 governadores (PR e SE), mas Kassab deseja lançar Ratinho Jr. a presidente da República.

A modernização da OAB-SP

A OAB-SP está implantando espaços exclusivos nas 251 subseções da entidade, como salas de audiência e coworking, internet de qualidade e ferramentas tecnológicas à disposição da advocacia. “Com uma combinação de tecnologia, educação contínua e apoio ao empreendedorismo jurídico, queremos melhorar o futuro da nossa profissão”, diz Daniela Magalhães, secretária-geral da entidade.

Toma lá dá cá: Rodrigo Cobra, do RenovaBR

Os jovens não querem participar do processo político-eleitoral ou isso vem mudando?
O RenovaBR tem alcançado ampla abrangência em todo o país. Observamos uma adesão ativa de jovens em nosso programa.

Quantas pessoas formadas pelo RenovaBR vão disputar as eleições este ano?
Hoje temos 2198 e podemos chegar a 3000 alunos até junho de deste ano. Atualmente 85% declaram o desejo de se candidatarem.

Por que as cotas de 30% das verbas do Fundo Partidário para mulheres e negros nem sempre lhes são destinadas?
As desigualdades estruturais presentes em nossa sociedade também se refletem no âmbito político, o que pode comprometer a efetiva distribuição dos recursos destinados às minorias.