Lula atira gasolina no fogo

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Ricardo Kertzman: "(Lula) atacou de forma virulenta o que chama de 'mercado', leia-se milhares, ou milhões, de investidores do mercado de capitais, gente que acredita no potencial de valorização das ações de empresas listadas na Bolsa brasileira, como forma de proteção de seu capital" (Crédito: Divulgação)

Por Ricardo Kertzman

Chega a ser impressionante a quantidade de erros políticos cometidos pelo presidente Lula nos últimos dias. Por isso, particularmente, creio ser “de caso pensado”, como dizem por aí. Afinal, com décadas de política nas costas, o petista sabe muito bem calcular o impacto de declarações, digamos, polêmicas.

A postura do governo federal diante da guerra entre Israel e Hamas já não era louvável e consonante com a maioria da opinião pública. Porém, Lula resolveu piorar o que já era ruim e abriu sua caixa de bobagens e antissemitismo explícito, comparando o Estado judeu a Hitler e, definitivamente, cerrando fileiras junto ao grupo terrorista.

Em seguida, dias depois, o chefão petista voltou a flertar, para não dizer casar, com ditadores e ditaduras mundo afora, negando-se a comentar a morte – ou assassinato – de mais um opostior do regime de Putin, bem como, fingindo não saber da expulsão de funcionários da ONU, da Venezuela do amigo Maduro.

Aliás, por falar em Venezuela, Lula clamou pela “presunção de inocência” do aspirante a ditador (eu disse aspirante?), dizendo que Maduro merece um voto de confiança na promessa por eleições limpas. O herdeiro de Chávez foi “eleito” candidato à Presidência pelo Partido Socialista de Venezuela (PSUV). Detalhe: concorreu sozinho.

Não satisfeito pelo conjunto da obra, a “alma mais honesta deff paíff” conseguiu pulverizar mais de R$ 50 bilhões (em valor de mercado) da Petrobras, após determinar a suspensão do pagamento de dividendos extras aos acionistas, interferindo, de quebra, segundo um ex-conselheiro demissionário, na nomeação da Presidência da Vale.

O herdeiro de Chávez foi “eleito” candidato à Presidência pelo Partido Socialista de Venezuela (PSUV). Detalhe: concorreu sozinho

Por fim, atacou de forma virulenta o que chama de “mercado”, leia-se milhares, ou milhões, de investidores do mercado de capitais, gente que acredita no potencial de valorização das ações de empresas listadas na Bolsa brasileira, como forma de proteção de seu capital. Lula os comparou a “dinossauros vorazes” e os culpou pela fome de crianças brasileiras.

Tudo somado, noves fora nada, a destemperança custou caros pontos de sua popularidade, e a rejeição de Lula 3 segue como os foguetes de outro notório falastrão, porém útil ao mundo e à humanidade – se é que me entendem –, o multibilionário Elon Musk, que, segundo critérios lulopetistas, trata-se do mal em pessoa.

Há um hiato entre o dia em que escrevo esta coluna e sua efetiva publicação. Pelo andar da carruagem, neste ínterim, o Rei Sol tupiniquim já deve ter aprontado algo mais em seu desfavor e, no limite, do próprio País, já que suas batatadas causam danos à imagem do Brasil e, talvez ainda pior, recrudesçam o extremismo bolsonarista.