Virada na consciência

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José Vicente: "Se para conhecer um problema é indispensável apreendê-lo na sua inteireza, para solucioná-lo e superá-lo é indispensável reunir esforços e energias da sociedade, criando uma força viva de sensibilização, interação e trabalho cooperativo produzindo" (Crédito: Divulgação)

Por José Vicente

O racismo é um problema crônico da sociedade brasileira que desafia a todos. Além de diminuir e desigualar indivíduos, ele agride e ofende as pessoas, e no seu limite violenta e mata as pessoas, simplesmente pela absurda e injustificável aversão a cor e a raça das pessoas.

Por isso, é indispensável uma ação vigorosa do poder público para responsabilizar e punir todos os racistas e uma ação pedagógica da sociedade para enfrentar, combater e extirpar a presença do racismo da rotina da vida social dos indivíduos e suas instituições. Se para conhecer um problema é indispensável apreendê-lo na sua inteireza, para solucioná-lo e superá-lo é indispensável reunir esforços e energias da sociedade, criando uma força viva de sensibilização, interação e trabalho cooperativo produzindo. Dessa forma, a oportunidade para imersão, informação e conhecimento do valor e da grandiosidade da diferença e da diversidade. Como bem dizia Nelson Mandela, ninguém nasce odiando e, se alguém foi ensinado a odiar pode ser ensinado a amar.

Esses foram os ingredientes que constituíram e estimularam a criação da Virada da Consciência pela Universidade Zumbi dos Palmares, em 2017, no propósito de estimular a consciência crítica sobre as injustiças e exclusões produzidas pelo racismo e de estimular e promover a integração e valorização da cultura negra e da diversidade racial na sociedade paulistana e brasileira. Os mais de 4.000 milhões de negros, 38% da sua população, tornam a cidade de São Paulo a maior cidade negra das Américas e, justamente por isso, deve ter um lugar especial na história, na memória, na representação estética e na vivência cultural e social da cidade.

Como certa vez bem disse o líder Nelson Mandela, ninguém nasce odiando. E, se alguém foi ensinado a odiar pode ser ensinado a amar

Nessa sua sexta edição os 100 parceiros e os mais de quinhentos eventos culturais, artísticos, esportivos e literários, por cinco dias, transformou a cidade de São Paulo na Capital da Consciência Negra. Como no quilombo de Zumbi dos Palmares, negros, brancos e indígenas se juntaram para revisitar o passado, debater o presente e construir o futuro, além de festejar as conquistas e realizações dos negros e celebrar seus personagens e seus heróis.

A Virada da Consciência e o feriado estadual da consciência negra no dia 20 de novembro, sancionado pelo governador Tarcísio de Freitas, tornam a cidade e o estado um polo internacional de referência e valorização da história e trajetória do negro — e do povo brasileiro. Elementos importantes para virar a consciência, enriquecer e fortalecer a história do negro paulista e paulistano. Vida longa à Virada.