Por Germano Oliveira
Colaboraram: Marcos Strecker e Vasconcelo Quadros

Convencido de que o STF será o centro da disputa entre um Executivo frágil e um Congresso bolsonarista, Lula pretende transformar os togados no seu refúgio para a governabilidade. A posse de Dino no Supremo e a escolha para a Justiça do ex-presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, mostra o que se passa na cabeça do petista: dominar o Judiciário, onde sempre obteve decisões que o livraram de encrencas pesadas. O PT já nomeou sete ministros no STF (Barroso, Fux e Fachin, indicados por Dilma; e Dino, Toffoli, Cármen e Zanin, por Lula). Mas se ele for reeleito, terá mais duas vagas a preencher com as aposentadorias de Luiz Fux (2028) e Cármen Lúcia (2029). Gilmar Mendes se aposentará em 30/12/2030 e aí sua substituição ficará para quem se eleger em outubro de 2030.

Fux

Como Lula já está praticamente na campanha da reeleição, fontes da ISTOÉ no STF dizem que ele começa a pensar em potenciais candidatos à vaga do ex-presidente da Corte, Luiz Fux, em um eventual quarto mandato. Nomes agora rejeitados em razão das escolhas de Zanin e Dino podem ser lembrados a partir do início de 2028. Mas, antes de 2028, vem 2026.

Getúlio

Em três mandatos, Lula já indicou dez ministros para o STF (Peluso, Brito, Joaquim, Cármen, Lewandowski, Eros, Menezes Direito, Toffoli, Zanin e Dino). Caso se reeleja e indique mais dois, o petista será o terceiro presidente a emplacar mais membros do Supremo. Ele passou Figueiredo (9) e está atrás de Floriano Peixoto (15) e Getúlio Vargas (21).

Falta alguém na Papuda

Alessandro Vieira (foto) diz não ter dúvidas de que a responsabilidade pela tentativa de golpe em 8 de Janeiro é de Bolsonaro que, na sua avaliação, deve ser processado e condenado. “Ele era o principal beneficiário pela ruptura”, diz o senador, que é delegado de polícia. Para Vieira, a impunidade dos militares deve ser quebrada e a lei deve pegar, também, os generais palacianos, como Braga Netto e Luiz Ramos.

Rápidas

• O prefeito Eduardo Paes (RJ) convidou o secretário de Dino, Ricardo Cappelli, para a Secretaria de Ordem Pública. Enquanto isso, prepara a campanha da reeleição. Em março, seu partido, o PSD, decidirá quem será seu vice: o deputado Pedro Paulo é o mais cotado.

• A inflação de 2023 (4,62%) ficou dentro da meta, mas ainda há muito a fazer. Haddad precisa de um programa de cortes ao invés de só arrumar novos tributos: fala-se em taxar as compras no exterior de até US$ 50.

• O drama Yanomami é o retrato da falência do Estado. Nos primeiros dias de governo, Lula prometeu expulsar os invasores das aldeias. Nada aconteceu. Um ano depois, anuncia plano de R$ 1,2 bilhão para a desintrusão. Agora vai?

• Em novo escândalo, os MPs estaduais, sujeitos ao teto constitucional (R$ 41,6 mil), dão grande mau exemplo. Segundo o “Estadão”, quase metade dos 11,2 mil procuradores estaduais recebe até R$ 200 mil mensais.

Retrato falado: Alexandre de Moraes

Alexandre de Moraes, um dos principais responsáveis pela democracia ter ficado inabalada no 8 de Janeiro, está preocupado com a manipulação das redes sociais pelos grupos extremistas. Como presidente do TSE, o ministro defende a necessidade de uma regulação das plataformas digitais. O assunto vinha sendo discutido no Congresso em 2023, mas refluiu em função das pressões das Big Techs. “Já passou da hora de essas empresas se responsabilizarem pelo conteúdo que publicam.”

O boom imobiliário

O ano de 2024 começou com notícias que levam a acreditar no crescimento do mercado imobiliário brasileiro, que registrou valorização de 5,13% em 2023. Entre os ingredientes dessa receita está a promessa de boom de empreendimentos voltados a projetos habitacionais do setor público, em ano de eleições municipais. Segundo explica o jornalista e consultor da área Roberto Viegas, só no Minha Casa Minha Vida (MCMV) serão 187,5 mil novas moradias. Dados preliminares revelam que a comercialização de imóveis novos só no segmento popular apresentou um crescimento de 32,9% em 2023, com a estimativa de que as construtoras venham a dobrar seus lançamentos este ano.

Queda de juros

Embala essa expectativa a continuidade da redução gradual da taxa de juros em 2024, o que facilitará o financiamento dos compradores. O BC calcula que a Selic deve fechar este ano em torno de 9%. Com juros menores, investidores tendem a apostar em FIIs (fundos imobiliários), estimulando ainda mais o setor.

Resgate de Marta

Lula será a estrela principal na festa de refiliação de Marta Suplicy ao PT, evento que sacramentará a união da ex-prefeita ao deputado Guilherme Boulos (PSOL). O líder dos sem-teto será o candidato a prefeito, com Marta de vice, em chapa imposta pelo presidente ao PT. Os dois dizem que a aliança contra Nunes objetiva derrotar o bolsonarismo em São Paulo.

Sem traição

O regresso de Marta provoca polêmicas. Como estava no secretariado de Nunes, os emedebistas dizem que a “traição” será explorada, embora o próprio prefeito não replique a tese. O fato é que ela tem passado político conturbado. Saiu do PT atacando os petistas e, em 2016, como senadora (MDB), votou pelo impeachment de Dilma, além de ter dito que não houve golpe.

O PCdoB dos irmãos Calheiros

Daniel Almeida, líder do PCdoB (foto), diz que o partido não deseja abrir mão do Ministério da Ciência e Tecnologia em eventual reforma ministerial. Para ele, a ministra Luciana Santos só quer sair para disputar a Prefeitura de Olinda. Nesse caso, o cargo permaneceria com o PCdoB, onde o mais cotado é o deputado Renildo Calheiros (PE), irmão do senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Toma lá dá cá: deputado federal Felipe Rigoni

O que representa o fato de o Pisa concluir que 7 em 10 alunos do Brasil não sabem matemática?
A gente sempre esteve muito mal em educação. Podemos ter melhorado um pouco, mas ainda precisamos fazer um pacto pela aprendizagem.

Isso significa que aplicamos mal os recursos da educação?
Aplicamos mal os recursos e precisamos também dar um choque de gestão na educação, melhorando a carreira dos professores.

Além de não aprenderem, os alunos abandonam a escola muito cedo. Por quê?
Precisamos evitar a evasão escolar. Eu e a Tabata Amaral apresentamos uma proposta na Câmara criando a poupança do ensino médio. Na medida em que o aluno passa de ano, ele ganha um dinheiro na poupança, que só é sacado quando ele se formar.