Honda Accord: remédio anti-SUV
É uma questão de bom senso: o Honda Accord volta ao Brasil e, como de costume, é um dos melhores carros para quase tudo (mas não para quem prioriza status...)
Por Flávio Silveira
Tudo bem gostar de SUV. Mas nem todos gostam. Muitos leitores relataram ter saído de sedãs para SUVs e voltado, por não se adaptarem. Diversos engenheiros não veem neles um ideal de automóvel – afinal, os técnicos precisam buscar máxima eficiência e estabilidade (segurança), e o “formato básico” dos SUVs não ajuda. E quem curte prazer ao volante, sentir o carro “na mão” em uma serra, não gosta de SUV. Mas tudo bem, gosto é gosto. Eles têm posição de dirigir alta, passam a sensação de superioridade… Ou você pode precisar de um para levar bicicletas, o que for. Ou, digamos, é dos raros clientes que usa 4×4. Se o seu não é nenhum destes casos, eis o melhor motivo para não comprar um SUV: a 11ª geração do Honda Accord.
• Dentro da cabine, ele é praticamente o mesmo Accord de sempre, muito racional e mais espaçoso que qualquer SUV (afinal, o sedã tem 2,83 metros de entre-eixos e quase cinco de comprimento).
• No design, as linhas gerais ficaram mais horizontais e limpas.
• Já no acabamento, precisão absoluta na montagem, com couro natural e outros materiais que, se não são do nível de uma marca de luxo, estão quase lá.
• O quadro de instrumentos parece ser analógico, elegante e claro de ler, mas é digital e altamente personalizável, por meio de facílimos comandos no volante, nas informações: de um lado se escolhe celular, rádio e etc., do outro informações como fluxo de energia e consumo (que também são registrados na tela central, se assim preferir).
• O porta-malas é maior que na maioria dos SUVs médios, com 574 litros.
Ao volante
A posição de dirigir pode ir muito baixa a bastante alta (mas nunca dá a “sensação de SUV”, pois o carro é de fato mais baixo). Os bancos têm vários ajustes elétricos, incluindo de inclinação do assento, e o volante também é amplamente regulável.
O head-up display projeta no vidro informações dos diversos sistemas de assistência à condução – todos impecáveis em sua atuação –, que estão presentes também no cluster.
Os retrovisores são um tanto pequenos, mas com um ótimo espelho convexo (e ainda há o monitor do ponto cego direito por meio de câmera).
O sistema híbrido e:HEV dispensa recarga e ganha força em relação ao usado no Civic. Para quem tem saudades dos mais de 250 cv e 370 Nm da época dos Accord a combustão, o conjunto eletrificado que surgiu na geração anterior e agora foi aprimorado não empolga igualmente, claro, mas está longe de decepcionar: são “só” 184 cv, mas 348 Nm elétricos – ou seja, instantâneos (não fosse o leve atraso do sistema em captar e atender ao pedido do pé direito). É um sistema brilhante, com autonomia que pode passar de mil quilômetros.
Como nos outros híbridos da marca, em velocidades urbanas o Accord usa apenas o motor elétrico para tração – o 2.0 a gasolina, muito silencioso, só alimenta a bateria – e faz facilmente marcas acima de 20 km/l.
Em grandes avenidas ou estradas, em velocidades mais altas e constantes, o motor a gasolina passa a mover o sedã, conectado diretamente ao eixo dianteiro por meio do acoplamento de uma engrenagem (e, ao mesmo tempo, carrega a bateria quando “sobra” potência).
Precisa ultrapassar? O motor elétrico volta a tracionar e a unidade a combustão recomeça a gerar eletricidade – “fingindo” trocar marchas para não causar desconforto pela diferença de movimento e som.
No modo Sport há, ainda, uma discreta e agradável simulação de som por alto-falantes.
Outra sacada é o uso das aletas junto ao volante para aumentar a regeneração de energia nas frenagens, o que pode ser útil em descidas, para agir como freio motor, e em reduções – ainda poupando os freios e deixando o carro mais na mão em uma tocada esportiva.
Por fim, há uma excelente central multimídia – com pacote de serviços conectados grátis por um ano, como controles variados do carro por aplicativo –, muitos equipamentos e itens de segurança de sobra, além de uma direção rápida e suspensão silenciosas, que trabalham sempre de modo irrepreensível, priorizando o conforto sem sacrificar a dinâmica (imbatível se comparada à de SUV médios).
Compra com motivos definidos
Preço? R$ 324.900. E aí muita gente torce o nariz.
• “Por menos que isso, compro um Haval H6 PHEV de 400 cv e 770 Nm”, dirão. Mas é um SUV, sobre o que já falamos antes, e é uma novidade chinesa – e quem compra um Honda quer tradição e confiabilidade.
• “Se é pra ficar em sedã e marca conhecida, compro um premium alemão, um BMW 320i”. Sim, bem menor, não híbrido e com manutenção alta.
• “Mas dá muito mais status!” Claro que sim, mas em um país cheio de crimes, quem compra o Accord prefere a discrição.
Racionalmente, portanto, nenhum outro carro hoje, por este valor, entrega mais equilíbrio entre porte, equipamentos, tecnologia, consumo, confiabilidade e racionalidade do que este novo Accord. Porém, na mesma concessionária, o novo Civic Híbrido, por R$ 65 mil a menos, oferece quase o mesmo (mas não tudo).
Normalmente, quem compra um Accord é porque já teve outro. Sabe muito bem o que quer, e jamais se decepciona.
Honda Accord Advanced Hybrid
Preço básico R$ R$ 324.900
Carro avaliado R$ 324.900
Motores: quatro cilindros em linha 2.0, 16V, duplo comando com variação na admissão e no escape, injeção direta + elétrico gerador + elétrico de tração
Tipo: híbrido série-paralelo (Honda e:HEV)
Combustível: gasolina + eletricidade
Potência: 146 cv a 6.100 rpm + 184 cv = 184 cv
Torque: 188 Nm a 4.500 rpm + 335 Nm
Câmbio: automático e-CVT
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e multilink (t)
Freios: discos ventilados (d) e discos sólidos (t)
Tração: dianteira
Dimensões: 4,971 m (c), 1,862 m (l), 1,459 m (a)
Entre-eixos: 2,830 m
Pneus: 235/45R18
Porta-malas: 574 litros
Tanque: 48 litros
Peso: 1.625 kg
0-100 km/h: 6,9 s (MS)
Velocidade máxima: 180 km/h
Consumo na cidade: 17,8 km/l
Consumo na estrada: 16,1 km/l
Emissão de CO2 76g/km
Nota do Inmetro: A
Classific. na categoria: A (Extra Grande)