Comportamento

Sonda lunar dos EUA vai ficar à deriva

Os EUA tentaram enviar à Lua um módulo da iniciativa privada - não tripulado, é claro -, mas falta de combustível interrompeu a jornada. Já a missão da NASA, com idêntico destino e programada para o final do ano, foi adiada

Crédito: George Wilson

Peregrine 1: lançada pela Astrobotic, a previsão era que ela chegasse à Lua em 23 de fevereiro (Crédito: George Wilson)

Por Ana Mosquera

Os norte-americanos estavam prestes a comemorar a sua primeira reaproximação da Lua após meio século distantes dela. Lançado na segunda-feira, 8, o Peregrine 1, entretanto, não tem mais chance de pousar em solo lunar em 23 de fevereiro, como estava previsto.

Segundo sua operadora, a empresa privada Astrobotic, isso se deve porque houve um vazamento de combustível logo após a decolagem, em decorrência de uma falha na propulsão.

Nem uma manobra improvisada para direcionar os painéis solares à sua fonte de energia ajudou, já que o tempo de exposição ao sol fez com que o recarregamento das baterias durasse apenas 40 horas.

Com o término desse período, o objetivo agora é conduzir a sonda para o mais próximo da lua com o combustível restante — e lá ficará à deriva. A Astrobotic coletará informações para as próximas empreitadas e a NASA investigará o motivo do incidente. O módulo foi lançado do Cabo Canaveral, do foguete Vulcan Centaur, da United Launch Alliance, uma parceria entre Boeing e Lockheed Martin.

“As missões são vitais para entendermos os recursos locais e, quando chegarmos lá, colocarmos o pé na Lua com as condições de criar uma base.”
Fernando Martins, professor do Instituto Mauá

Fernando Martins, professor do Instituto Mauá (Crédito:Divulgação)

As missões são essenciais para o reconhecimento do solo lunar. “É muito importante que a comunidade científica saiba como é a capacidade superficial da Lua, para que se consiga entender os recursos disponíveis e prosperar, talvez com uma colônia, inclusive de robôs”, diz o professor Fernando Martins, gerente da Divisão de Eletrônica e Telecomunicações do Centro de Pesquisas do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).

Na sonda, além de equipamentos para medir radiação e campo magnético, detectores de gelo e carrinhos da NASA, havia DNA dos ex-presidentes George Washington, John F. Kennedy e Dwight Eisenhower, e as cinzas de Gene Roddenberry, criador de Star Trek, e de outros artistas da série de TV.

Operação cancelada

No mesmo dia em que foi anunciado o fracasso da sonda, também veio a notícia do cancelamento das missões nacionais Artemis 2 e 3.

A primeira, que estava marcada para novembro de 2024, foi adiada para setembro do ano seguinte, enquanto a segunda, que aconteceria em setembro de 2025, foi protelada em doze meses.

“A NASA não está preocupada em cumprir datas. Segurança é essencial para sustentar os astronautas nas missões longas e permitir que a tripulação tenha as operações essenciais com sucesso.”