Cultura

Documentário sobre 40 anos de ‘Thriller’ revela a perspicácia de Michael Jackson

Filme nos bastidores da gravação de 'Thriller', o álbum mais vendido de todos os tempos, nos faz lembrar como Michael Jackson foi extraordinário — apesar de tantas polêmicas

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Michael Jackson: oito Grammys e cem milhões de cópias vendidas (Crédito: Divulgação)

Por Felipe Machado

O final da vida de Michael Jackson foi tão atribulado e pleno de polêmicas que muitas vezes esquecemos o artista extraordinário que ele foi. Um documentário sobre os quarenta anos do lançamento de Thriller, seu álbum mais famoso, nos leva de volta à década de 1980, quando o cantor, compositor e dançarino norte-americano reinava como o maior astro da música mundial.

É comum a artistas mirins deixarem de fazer sucesso quando envelhecem, mas Michael Jackson foi um caso único: da infância à morte, aos 50 anos, em 2009, nunca houve um dia sequer em que ele não fosse uma celebridade mundial.

Sua fama começou ainda criança, cantando com os irmãos no Jackson Five no grupo montado com disciplina por seu pai, Joe Jackson. Aos poucos, seu carisma superior ficou tão evidente que ficou impossível impedir uma carreira solo.

Lançou Off the Wall, que já foi um grande hit, mas logo voltou ao estúdio com o produtor Quincy Jones para gravar aquele que seria o disco mais vendido de todos os tempos: Thriller, com mais de cem milhões de cópias.

O poder do videoclipe

O filme demonstra que, além do talento musical, Jackson possuía uma intuição que o diferenciava de seus contemporâneos. Foi o primeiro grande nome na música a descobrir o poder do videoclipe, quando investiu mais de US$ 1 milhão do próprio bolso para filmar o curta-metragem da faixa-título, com direção de John Landis.

Na época, a média desse tipo de produção não passava de US$ 50 mil. Fez ainda vídeos icônicos para “Billie Jean” e “Beat it”, surfando na onda do surgimento de um canal a cabo exclusivo a esse tipo de conteúdo, a MTV.

Ele soube conquistar o público branco como nenhum artista negro até então. Sua estratégia começou mirando alto: o primeiro single foi “The Girl is Mine”, parceria com ninguém menos que o ex-Beatle Paul McCartney.

Para atrair os roqueiros, convidou o rockstar Eddie Van Halen para fazer o solo de guitarra em “Beat it”. E nunca deixou de lado aquele que foi o seu maior dom: a dança.

Combinou ritmos negros como o rhythm and blues, o funk e o pop em canções que passaram a dominar as pistas de dança em todo o mundo. Além dos números espetaculares de venda, o disco também conquistou a crítica: indicado a doze Grammys, venceu em oito categorias — mais um recorde que segue inabalado quatro décadas depois.