Comportamento

Museus dos EUA devolvem arte roubada em vários países

EUA devolvem à Turquia dezenas de peças em acervos que foram roubadas de museus espalhados pelo mundo. Esse tipo de crime já movimenta cerca de US$ 15 bilhões ao ano

Crédito: Divulgação

Ao todo, 44 peças de 61 obras investigadas eram frutos de roubos. Entre elas as Cabeças do imperador Caracalla (Crédito: Divulgação)

Por Alan Rodrigues

O Virginia Museum of Fine Arts (VMFA), cravado na pacata cidade de Richmond, capital da Virgínia, EUA, iniciou recentemente um processo de repatriação de dezenas de peças de arte antiga aos seus países de origem depois que as autoridades policiais apresentaram ao museu o que foi chamado de “evidência irrefutável” de que as relíquias tinham sido surrupiadas e traficadas em países como Itália, Egito e Turquia. “Arte roubada e saqueada não tem lugar em nossas galerias ou coleções, por isso temos o prazer de devolvê-las aos seus países originais”, disse em comunicado à imprensa Michael Taylor, curador-chefe do espaço.

Segundo os investigadores, o roubo das peças faz parte de uma conspiração criminosa internacional que atua há anos envolvendo traficantes de antiguidades, contrabandistas e negociantes de arte. Estima-se que esse tipo de crime movimente até US$ 15 bilhões ao ano no mundo.

“As provas claras e convincentes apresentadas ao VMFA não deixaram dúvidas de que o museu não detém um título claro para as muitas peças agora devolvidas”, revela Taylor. Os investigadores apresentaram ao museu evidências de que 44 de 61 obras investigadas eram frutos de roubos.

Entre as relíquias devolvidas está a de um guerreiro etrusco de bronze que, segundo a investigação, foi roubado de um museu arqueológico em Bolonha, na Itália, em 1963.

Desde a sua criação, a Unidade de Tráfico de Antiguidades de Manhattan recuperou mais de 4.700 relíquias avaliadas em mais de US$ 400 milhões (R$ 1,98 bilhão) e devolveu mais de 4.000 peças a 25 países. “Durante o meu mandato retornamos 90 relíquias à Turquia, avaliadas em mais de US$ 60 milhões”, afirma Alvin Bragg, procurador distrital de Manhattan, responsável pela investigação.

(Divulgação)

Bragg informou que o Busto de uma Dama, datado dos anos 160 – 180 d.C, foi levado pelo antiquário Robert Hecht para a Suíça logo depois que foi roubado de Bubon, na Turquia.

Ele teria vendido a peça para o Worcester Art Museum, onde esteve exposta até junho do ano passado, quando foi apreendida.

Outras peças que chamam a atenção entre as preciosidades repatriadas são as Cabeças do Imperador Romano Caracalla, (188 – 217 d.C.) — uma estava no Museu de Arte Fordham e a outra, representando-o em idade mais avançada, no Museu Metropolitano de Nova York.

As peças foram entregues em uma cerimônia que contou com a presença do vice-ministro da Cultura da Turquia, Gokhan Yazgi.

O país reclama há anos o roubo de joias e peças antigas acontecidas durante os primeiros trabalhos autorizados de escavações no sítio arqueológico de Troia, realizadas em 1874 pelo alemão Heinrich Schliemann.

“Juntos, podemos pôr fim aos golpes desferidos contra a identidade e a história dos povos”, concluiu Yazgi.