A Semana

A Suprema Corte salvará Donald Trump?

Crédito: Timothy A. Clary

Trump: fugindo da décima quarta emenda da Constituição (Crédito: Timothy A. Clary)

Por Antonio Carlos Prado

Começa nos EUA, no próximo dia 15, a série de eleições primárias que definirão quais serão de fato os candidatos à Casa Branca pelos partidos Republicano e Democrata. No campo conservador, lidera as pesquisas de intenção de voto o ex-presidente de extrema-direita Donald Trump. Pode ser, no entanto, que Trump seja impedido de disputá-las em pelo menos quatorze estados norte-americanos. Em todos eles, entidades civis e órgãos governamentais ingressaram com ações em tribunais pedindo a retirada de seu nome (a primeira exclusão foi no Colorado, a segunda, no Maine). Mais estados devem seguir igual caminho. O que está em jogo é a décima quarta emenda à Constituição, elaborada em 1865. Estabelece que cidadão acusado de insurreição, já tendo em algum momento jurado lealdade aos EUA, torna-se inelegível — Trump fez o juramento ao assumir o primeiro mandato e depois se envolveu na tentativa do golpe de 6 de janeiro de 2021. Há um ponto que talvez o socorra: o caso irá à Suprema Corte e a maioria dos juízes é conservadora. Assim como o tribunal do Michigan, ela pode decidir que a emenda não vale para o presidente da nação.

QUADRINHOS
A explicação, Tintin por Tintin

Advogado mostra Tintin no Congo em versão holandesa: processos (Crédito:Divulgação)

Jamais uma história em quadrinhos foi tão polêmica como Tintin no Congo, de autoria do belga Hergé. Motivo: ela fazia uma espécie de apologia, ainda que involuntária segundo seu autor, da política de colonização que governos franceses promoveram em países africanos — em 2007 houve até processos na tentativa de obter judicialmente a proibição do livro. Tudo em vão. Nessa virada de ano de 2023 para 2024, Tintin no Congo foi mais uma vez reeditado na França, mas agora com importante diferencial: pela primeira vez o quadrinho tem prefácio explicando o contexto da obra. A edição reproduz a história editada como série no início da década de 1930 em um jornal belga. A versão mais conhecida de Tintin no Congo, e também a mais controversa, é datada de 1946, na qual ele aparece na capa ao volante de um carro, acompanhado por um menino negro. Diante de protestos, essa capa foi posteriormente alterada e Tintin passou a figurar, então, ao lado de um leão. O desenhista e escritor Hergé morreu em 1983. Sempre negou ter pretendido estimular o colonialismo.

JAPÃO
A natureza fez a terra tremer. Um erro humano fez o avião incendiar

Trezentas e setenta e nove pessoas entre passageiros e tripulantes: nenhuma vítima fatal (Crédito:Jiji Press / AFP)

Duas tragédias marcaram o inicio de 2024 no Japão. A primeira é sempre previsível em um país que se acomoda no ponto de encontro de quatro placas tectônicas – quando tais placas se movimentam, em fenômeno inevitável do ponto de vista geológico, provocam terremotos e tsunamis. As placas se movem milimetricamente, mas os terremotos decorrentes são, geralmente, bastante fortes. Já o segundo triste acontecimento refere-se a um erro humano. O terremoto, com o epicentro do sismo em Ishikawa, no centro-norte do arquipélago, ocorreu na segunda-feira 1. Edificações, como prédios e pontes, desabaram, estradas restaram destruídas, houve o apavorante alarme para iminência de tsunami. Ele não ocorreu, embora até a quarta-feira os técnicos em clima seguissem em prontidão máxima. O maior tremor atingiu magnitude de 7,6 (extremamente alta), seguido de outros cento e cinquenta e cinco abalos de menor intensidade. Até a quarta-feira contabilizavam-se sessenta e sete motos. Na terça-feira, um Airbus A350 da Japan Airlines, com trezentas e setenta e nove pessoas a bordo, chocou-se em operação de pouso com um avião menor pertencente à guarda costeira, no aeroporto internacional de Haneda, em Tóquio. Essa aeronave, que estava estacionada, levaria medicações e mantimentos para vítimas do terremoto. Nela havia seis pessoas, cinco morreram. Do Airbus, todos os passageiros e tripulantes saíram vivos, apesar de o avião ter-se incendiado. Especialistas atribuem o acidente a erro humano.

1º de janeiro, Cidade de Suzu City: destruição pelo terremoto e enchentes (Crédito:Hiroto Sekiguchi)