Perspectivas 2024

Saúde: um ano que promete inovações; confira

Atenção básica, procedimentos de média e alta complexidade, construções de hospitais e Telessaúde estão entre as prioridades do governo para 2024

Crédito: Evandro Leal

O Brasil em 2024 terá a maior população de idosos desde 1940, o que gerará mais gastos, atenção e cuidados (Crédito: Evandro Leal)

Perspectivas 2024: Saúde

Por Alan Rodrigues

A saúde é o tema que mais preocupa os brasileiros. De acordo com pesquisa recente do Datafolha, 23% dos entrevistados apontaram-na como principal problema a ser tratado pelo governo, à frente de segurança e educação. Entretanto, se mantida a perspectiva de cenário econômico positivo para 2024, o setor pode se beneficiar, já que é historicamente atrelado ao bom desempenho da economia.

No nosso caso isso é muito significativo, pois sete em cada dez cidadãos dependem do serviço público para serem atendidos.

Em âmbito geral, a saúde tende a seguir caminho ascendente, impulsionada por:
• inovações tecnológicas,
• avanços nas pesquisas médicas,
• e crescente conscientização sobre a importância preventiva.

“Em 2024, o orçamento voltará a ter piso constitucional garantido, o que representa mais recursos para financiar as ações de saúde pública”, diz a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Na pasta de Nísia, o mais promissor anúncio veio da Secretaria de Informação e Saúde Digital, criada no começo deste ano e que pretende reduzir vazios assistenciais e ampliar o acesso da população ao SUS por meio da tecnologia.

Dois programas estão previstos para serem lançados.

• O primeiro é a criação do Laboratório Inova SUS Digital, que terá a função de “criar um ambiente para o fortalecimento do ecossistema de saúde e transformação digital no SUS”, de acordo com o texto apresentado.
O outro aponta para novo modelo de financiamento do Programa SUS Digital, que possui R$ 566,9 milhões previstos para o ano.

A pandemia de COVID-19 acelerou a digitalização do setor. Por meio dos núcleos de Telessaúde, especialistas fazem consultas online e análise de diagnósticos de médicos que atuam na Atenção Primária. “O sucesso da saúde digital passa pela transformação tecnológica do SUS”, diz Ana Estela Haddad, da Secretaria de Saúde Digital.

Expansão no uso de robôs cirúrgicos capazes de realizar procedimentos complexos

Sobre os planos privados, que 26% dos brasileiros utilizam, as notícias não são favoráveis. A Agência Nacional de Saúde fixou o teto de reajuste para planos de saúde individuais e familiares em 9,63% e de até 22% para os planos coletivos a partir do próximo ano, o que pode sobrecarregar o SUS.

Os custos crescentes com mão de obra, medicamentos, equipamentos e o envelhecimento populacional são os responsáveis pelos maiores gastos na área.

Em 12 anos, a população brasileira com 65 anos ou mais cresceu quase 60%. É a maior proporção de idosos desde 1940 e isso deve aumentar a atenção do governo para o setor.

“Os idosos tendem a enfrentar uma maior incidência de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, cardiovasculares e neurológicas. As condições exigem tratamentos frequentes e acompanhamento médico constante, o que acarreta custos significativos”, afirma Rubem Ariano, CEO da Filóo Saúde e do Instituto Horas da Vida.

Em relação a doenças, a possibilidade de disseminação de uma em especial chama atenção – o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), responsável por infecções das vias respiratórias e pulmonares em recém-nascidos e idosos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, em dezembro, o registro do primeiro imunizante contra esse patógeno que é bastante contagioso.

Ministra da Saúde, Nísia Trindade, com Zé Gotinha: retomada das campanhas de vacinações, estimulo a medicina preventiva e orçamento com o piso constitucional garantido (Crédito:Divulgação)

Outro grande desafio está ligado às quatro doenças transmitidas pela picada do mosquito Aedes aegypti:
zika vírus,
febre amarela,
dengue,
 chikungunya.

O Ministério da Saúde reforçou os alertas para uma onda de infecções por causa do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil. “Essa linhagem está circulando na América Central e identificamos que chegou ao Brasil”, explicou o virologista da Fiocruz, Felipe Naveca.

Em meio às inovações tecnológicas, a inteligência artificial emerge como uma força transformadora, oferecendo uma gama diversificada de aplicações que prometem aperfeiçoar diagnósticos, tratamentos, processos administrativos e o diagnóstico médico.

Em 2024, espera-se que algoritmos se tornem ferramentas essenciais para identificação precoce de doenças.

Outra vertente promissora da IA no setor de saúde é a robótica cirúrgica avançada. No ano que vem, assistiremos a uma expansão significativa no uso de robôs cirúrgicos capazes de realizar procedimentos complexos com precisão milimétrica.

“Que 2024 seja um ano de resgate da confiança na medicina séria, baseada em ciência e feita por pessoas íntegras e compromissadas com a saúde e não com seu ganho pessoal”, avalia Rosana Richtmann, infectologista do Instituto Emílio Ribas.