Esporte: Olimpíada de Paris e Eurocopa vão agitar corações e mentes em 2024
Depois do sufoco pelo isolamento social devido à pandemia, o mundo espera um espetáculo esportivo e também uma verdadeira celebração pelas ruas e cenários icônicos da capital francesa. Claro, é de se esperar um esquema de segurança rigoroso
Perspectivas 2024: Esporte
Por Denise Mirás
Se o escritor Ernest Hemingway já dizia que “Paris é uma festa” nos anos 1920, o que esperar da Olimpíada 2024 na capital francesa? Nada menos que um espetáculo grandioso e espalhado por toda cidade. São os primeiros Jogos — Olímpicos e Paralímpicos — pós-pandemia, com atletas igualados numericamente em gênero e novidades tecnológicas niveladas a adequações para brecar o caos climático global.
Paris terá suas ruas lotadas por um colorido de turistas aproveitando o calor, apreciando culinária, cultura. E ainda serpenteando, como uma festa móvel, entre os embates esportivos em cenários icônicos, da Torre Eiffel e os jardins do Palácio de Versalhes, ao rio Sena — totalmente despoluído. Nele, um trecho de seis quilômetros foi reservado para a cerimônia de abertura, com países desfilando suas delegações em 160 barcos, que poderão ser acompanhados por 600 mil pessoas das margens reservadas ao público.
Serão Jogos ao alcance da população – e não apenas dos portadores de ingressos caríssimos —, porque haverá telões instalados em pontos estratégicos.
Certamente Paris 2024 será uma Olimpíada das mais vigiadas, diante da onda extremista que percorre o mundo, mesmo que abra discussões sobre direitos digitais e dê margem a protestos por se tornar uma cidadelaboratório de Inteligência Artificial e controlada por drones policiais.
Desta vez, sistemas de câmeras não estarão focando apenas indivíduos suspeitos, mas analisando comportamentos de populares e movimentos de multidões por algoritmos, em grande escala e em tempo real.
Os números das competições em Paris 2024:
• 10.500 atletas
• 206 países
• 26 de julho a 11 de agosto
• pela primeira vez se chegará a 50% de competidores mulheres e 50% de homens (em Tóquio 2020, as mulheres totalizaram 48,8%).
Depois do skate e surfe, entrarão no programa olímpico breakdance e canoagem slalom extremo (quando dois ou quatro competidores descem a pista ao mesmo tempo, vencendo quem chega à frente, em vez da descida individual com cronometragem).
Para o Brasil, que conta com estrelas já mais que reconhecidas como Rebeca Andrade, da ginástica artística, e Rayssa Leal, do skate, a nova modalidade da canoagem abre mais chances de medalha com Ana Sátila (campeã mundial em 2018) e Pepê Gonçalves (atual campeão mundial).
Para Rogério Sampaio, hoje diretor- geral do Comitê Olímpico Brasileiro, “o Comitê Olímpico Internacional está muito atento a formas de levar os valores olímpicos a novos públicos, especialmente ao público jovem, e a entrada de modalidades que dialogam bem com essa faixa etária é positiva para o Brasil”.
Segundo o judoca, campeão olímpico em Barcelona 1992, a realização dos Jogos de Tóquio 2020 foi importante mesmo sem público pela esperança sobre a pandemia, mas Paris terá novamente arenas e ruas lotadas “para mais uma grande celebração da humanidade que só os Jogos Olímpicos conseguem fazer”.
Presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Andrew Parsons também destaca o apetite pela festa, com expectativa de se tornar a mais espetacular da história, com 4,1 bilhões de pessoas assistindo às competições, entre 28 de agosto e 8 de setembro.
“Para o movimento paralímpico, os Jogos não são ‘apenas’ alto rendimento. São uma plataforma para avançar socialmente, em qualquer área — esportiva, mas também política, cultural —, por meio do evento de maior visibilidade global das pessoas com deficiência, que são 1,2 bilhão no mundo, ou 15% do total da população”, diz.
• Na Grã-Bretanha, um milhão foi absorvido no mercado de trabalho a partir de Londres 2012.
• Na China, com 60 milhões de pessoas com alguma deficiência, a percepção mudou radicalmente depois de Pequim 2008, destaca Andrew.
Para ele, os Jogos em Paris incentivam a um desafio: melhorar a inclusão na cidade e em todo o país.
A Copa América nos EUA será um grande ensaio para a Copa do Mundo de 2026
A vez é dos jovens
No futebol, a Eurocopa é vista quase como uma Copa do Mundo de “elite”, porque grandes seleções não correm risco de ficar de fora. Desta vez, volta a ser apenas em um país-sede — a Alemanha —, entre 14 de junho e 14 de julho.
Dos consagrados Cristiano Ronaldo, Romelu Lukaku, Erling Haaland, Kylian Mbappé e Jack Grealish, o foco desta edição deverá ficar em cima de Jude Bellingham, que completará 21 anos no dia 29, em meio ao torneio.
No segundo semestre, o jovem atacante inglês terá Endrick como companheiro no Real Madrid — time que tem seu técnico Carlo Ancelotti cotado para a seleção brasileira.
Visto como responsável pelo título do Palmeiras no Brasileirão, Endrick é tratado como fenômeno antes da mudança programada para a Europa no segundo semestre.
Quando todos esperavam que a Nike conseguisse mais uma estrela entre seus contratados, assinou com a New Balance, onde reinará como fenômeno único.
Se a CBF acertar com o técnico italiano já para a Copa América nos EUA (entre 20 de junho e 14 de julho), o italiano deverá dirigir o atacante brasileiro ainda com 17 anos na competição, tida como ensaio para a Copa do Mundo 2026 (além dos EUA, Canadá e México também serão sedes).
Assim, de uma forma ou de outra, Ancelotti está no futuro de Endrick, visto como uma das grandes promessas do futebol internacional.