O centenário da ABL no Petit Trianon

Crédito: Custodio Coimbra

Uma das dependências da sede da Academia: beleza e cultura (Crédito: Custodio Coimbra)

Por Antonio Carlos Prado

A Academia Brasileira de Letras (ABL) comemorou na sexta-feira 15 uma das mais significativas datas de sua história: exatamente há um século o governo da França doava para a entidade o Petit Trianon construído no Rio de Janeiro, réplica em estilo neoclássico do histórico Petit Trianon que existe em Versailles. Aqui, ele fora erguido em 1922 para abrigar o pavilhão francês na exposição internacional que festejou os primeiros cem anos da Proclamação da Independência do Brasil. Nele, a ABL está até hoje instalada, valendo-se do palácio em suas reuniões regulares e também para todos os eventos solenes. A primeira sessão da ABL no Petit Trianon deu-se a 15 de dezembro de 1923, no mesmo dia da doação, sob a presidência do acadêmico imortal Afrânio Peixoto. Em seu interior, por onde se ande ou para onde se olhe, vê-se arte, cultura e elegância. Piso de mármore, lustres de cristais franceses e ricas porcelanas de Sèvres. Destaca-se o busto em bronze de Machado de Assis, principal idealizador e fundador da Academia, em 1897, sem sede fixa. Destaca-se também o pátio dos poetas românticos. Na França, o Petit Trianon foi erigido em 1769, e nele a rainha Maria Antonieta passava horas isolada por sua própria vontade.

Brasileiro não compra livros

Todos os gêneros de escrita: as mulheres lêem mais que os homens (Crédito:Divulgação)

Por solicitação da Câmara Brasileira do Livro (CBL), a empresa norte-americana Nielsen Book Scan, uma das mais conceituadas em todo o mundo, pesquisou detalhadamente o hábito de leitura dos brasileiros. O estudo se chama “Panorama do Consumo de Livros”. A conclusão a que podemos chegar (péssima individualmente e também para o conjunto da sociedade) é que no Brasil não se lê.

• Entre a população adulta com 18 anos ou mais, 84% não compraram um único livro ao longo dos últimos 12 meses
• Compraram ao menos 1 livro: mulheres, 57%; homens, 43%.
• O Brasil possui, potencialmente, 25 milhões de consumidores de obras literárias.
• 74% dos entrevistados dizem que pretendem comprar 1 livro nos próximos 3 meses.
• A classe social A é a que menos investiu em livros: 7%.
• A classe C é a que mais investiu: 43%.
• A região que mais comprou foi a Sudeste: 45%. Outras regiões: Nordeste, 28%; Sul, 14%; Norte, 8%; Centro-Oeste, 7%.
• Foram entrevistadas 16 mil pessoas com 18 anos ou mais.

ADMINISTRAÇÃO
Para AGU, anistia dada por Tarcísio a Bolsonaro é inconstitucional

Tarcísio: presentão sem valor (Crédito:Marina Uezima)

O presentão antecipado de Natal que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deu a todos aqueles que desrespeitaram no estado medidas sanitárias durante a pandemia, anistiando-lhes as multas, está prestes a se desmanchar — sai perdendo com isso o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem de fato Tarcísio quis agraciar, mas não poderia fazê-lo sem que concedesse uma anistia geral. Bolsonaro tem de pagar multa de quase R$ 1 milhão por não ter usado máscara de proteção nos tempos da Covid nas inúmeras vezes que esteve em território paulistano, no qual o uso era obrigatório. A Advocacia Geral da União (AGU) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação explicitando que o ato de Tarcísio é inconstitucional.

Motivos:
1) fragiliza a autoridade fiscalizadora do estado;
2) encoraja o desrespeito às medidas de proteção à vida;
3) afronta o direito constitucional à saúde — em outras palavras, Bolsonaro, sem máscara, colocava outras pessoas sob o risco de contaminação.

O ex-presidente já está com R$ 813 mil bloqueados pela Justiça como parte do pagamento.

HISTÓRIA
Recordar para não reviver

Artur da Costa e Silva: sequestro das garantias constitucionais (Crédito:Arquivo O Cruzeiro/EM/D.A Press)

Lembrar as piores datas da história política de um país não é masoquismo. É prevenção. A última quarta-feira, 13 de dezembro, marcou exatos cinquenta e cinco anos que a ditadura militar, sob a presidência de Artur da Costa e Silva (foto), decretou o Ato Institucional número 5 (AI-5). Entre outras medidas arbitrárias, ao ditador era dado o direito de fechar o Congresso Nacional e cassar mandatos. A medida suspendeu e sequestrou todas as garantias fundamentais que a Constituição dava aos brasileiros — incluindo a concessão de habeas corpus a presos sob a acusação de crime político. A partir do AI-5 a tortura em órgãos repressivos tornou-se política de Estado.