Brasileiros do Ano 2023

Brasileiros do Ano/TV: a missão de Tatá Werneck é a alegria

No ar como a divertida Anely, da novela Terra e Paixão, na Rede Globo, a comediante é uma workaholic que conquistou o Brasil com filmes e programas na TV a cabo

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Tatá Werneck: estratégia workaholic, 57 milhões de seguidores e... isso é só o começo (Crédito: Divulgação)

NA TV – Tatá Werneck, apresentadora, atriz, comediante, musicista, dubladora, roteirista e repórter

Por Felipe Machado

Talita Werneck Arguelhes era uma criança carismática: foi matriculada no curso de atuação quando tinha apenas nove anos. Aos onze, já subia ao palco em seu primeiro espetáculo. Mas sua vocação para fazer piadas nem sempre foi celebrada: a atitude lhe custou a expulsão de duas escolas por mau comportamento. Em compensação, seu jeitinho meigo e olhar sapeca conquistou a apresentadora Xuxa, que lhe deu o apelido “Tatá” ao vivo, na TV, no seu programa.

Filha da escritora Claudia Werneck, tudo correu muito rápido em sua vida. Formada em Publicidade e Propaganda, pela PUC-RJ, e em Artes Cênicas, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, fundou em 2003 o grupo de teatro Os Inclusos e os Isos — Teatro de Mobilização pela Diversidade, trupe que produzia peças para pessoas com deficiências.

Logo foi convidada para as séries Dilemas de Irene, na GNT, e Os Buchas, no Multishow. Sua capacidade de improvisação brilhou com força nos shows Improvável, da Cia. Barbixas de Humor, e Dezimprovisa, com o humorista Rodrigo Capella.

O êxito levou ao convite da MTV Brasil para integrar o elenco dos programas Quinta Categoria e Comédia MTV, onde contracenou com Marcelo Adnet, Dani Calabresa, Bento Ribeiro e Fábio Rabin, consolidando seu nome entre essa talentosa geração. Mas Tatá se sobressaiu até mesmo entre eles: em 2010, foi eleita a humorista mais engraçada do Brasil.

Seu sorriso é tão familiar que nem parece que faz apenas uma década que Tatá Werneck estreou na TV aberta. O Brasil inteiro tem a impressão de que foi ontem que a personagem Valdirene, da novela Amor à Vida, brilhou como a grande revelação do folhetim de Walcyr Carrasco.

Desde as primeiras cenas, a atriz encantou o público brasileiro no papel da piriguete meio maluca que invadia camarins de celebridades, agarrava jogadores de futebol e tentava dar o golpe do baú em milionários.

“Não busco me manter relevante pela vida social. Quero ser reconhecida apenas pelo meu trabalho ou por mensagens de fé”

Tatá já ocupou a grade televisiva tantas vezes desde então, que muita gente deve acreditar que essa carioca simpática, espevitada e de riso fácil já está conosco há muito mais tempo.

Mas isso é tudo fruto de uma estratégia workaholic da cabeça dela: Tatá aceita convites para novelas, mas também diz “sim” a papéis no cinema e a participações em diversos programas da TV a cabo.

Enquanto atuava ao lado de Bruna Marquezine em I Love Paraisópolis, por exemplo, integrava o elenco do Vai que Cola e Tudo Pela Audiência, ambos no Multishow.

Ao mesmo tempo em que divertia o público em Haja Coração, brilhava na telona com TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva, seu primeiro filme como protagonista.

O mesmo aconteceu com o talk-show Lady Night e o folhetim das sete Deus Salve o Rei. Em mais um divertido papel, Tatá está no ar em Terra e Paixão, mais uma novela de Walcyr Carrasco, na Globo.

Os elogios são unânimes para seu trabalho como Anely, uma garota que posa de santinha, mas que abusa do lado sensual na internet. Casada com o ator Rafa Vitti, com quem tem uma filha, Clara Maria, de quatro anos, será que Tatá também é assim na vida real? “Infelizmente não. Minha forma de seduzir é na conversa e no vídeo game”, afirma.

E não poupa palavras de agradecimento a Walcyr, o autor e amigo: “Ele me enche de presentes. Inicialmente a Anely nem seria uma personagem com lado cômico apurado, e foi isso o que mais me encantou.”

Tatá acaba de estrear uma nova produção no cinema, Minha Irmã e Eu, em que contracena ao lado de Ingrid Guimarães. Como as duas são sempre citadas como as maiores comediantes da atualidade, quem será que foi mais engraçada no filme? “A Ingrid, com certeza . Não conheço comediantes que se achem engraçados. Normalmente a gente se acha estranho apenas”, afirma Tatá, sem deixar claro se a resposta é humildade ou ironia.

No longa ela faz o papel de uma cantora sertaneja. Mas alguém consegue imaginar Tatá Werneck cantando letras de sofrência? “Eu adoro música sertaneja”, afirma. “Minha cultura musical é diversa. Fui uma criança apaixonada por Noel Rosa, uma adolescente fascinada por Roupa Nova e Sandy & Júnior e hoje amo também Bruno Mars, Chitãozinho e Xororó, funk, bossa nova. A sofrência faz parte da vida de qualquer um que já se apaixonou e se viu escorregando lentamente pela parede”, completa.

Presença constante nas redes sociais — onde já interpretou até uma barata em um anúncio para inseticida — Tatá tem 57 milhões de seguidores. Garante, no entanto, que não planeja sua carreira online com tanto cuidado quanto a trajetória na TV.

“Eu não tenho nenhuma preocupação quando vou postar algo em relação a número de seguidores. Mas tenho quando faço uma cena, pensando em quantas pessoas vão assistir. Ainda sou da geração da televisão”, afirma. “Não busco me manter relevante pela vida pessoal. Quero ser reconhecida apenas pelo meu trabalho ou por mensagens de fé. Quero atrelar minha vida profissional a boas ideias, histórias bonitas. Porque levo meu trabalho como se fosse uma missão para alegrar as pessoas.”

Após saber que foi escolhida como Brasileira do Ano – Na TV pela equipe da revista ISTOÉ, o que será que a garotinha que começou no teatro ainda criança acharia disso? “Ela acharia que vale a pena tanto trabalho, tanta dedicação, tanta renúncia e tantas orações. Tanto joelho no chão da minha avó Denguinho, muitos terços e cursos. Mas certamente ela quer que isso seja só o começo. Amém.”