Uma janela para o passado
Primeiro museu de arqueologia bíblica da América Latina é inaugurado no interior de São Paulo com mais de três mil peças que abrangem um período de quatro milênios de histórias Alan Rodrigues

Milhares de artefatos que direta ou indiretamente estão ligados aos textos bíblicos (Crédito: Divulgação)
Por Alan Rodrigues
A arqueologia bíblica é um ramo da ciência que busca compreender a história, a cultura e o Antigo Testamento, por meio de escavações, análise de artefatos e locais mencionados nas Escrituras. Partindo desse entendimento, o Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP) inaugurou o Museu de Arqueologia Bíblica (MAB), o primeiro da América do Sul dedicado ao tema. “As peças são datadas desde o ano dois mil a.C e vieram de várias partes do mundo, como Israel, Egito, Jordânia e países da Europa”, conta Sérgio Micael, coordenador do museu, que fica na cidade de Engenheiro Coelho, próximo a Campinas, distante 170 km da capital paulista.
Logo ao entrar no prédio, os visitantes pisarão em uma réplica do piso do templo de Jerusalém, da época de Jesus. “Este exemplar é o único fora de Israel”, afirma Micael. No total, o MAB abriga um acervo com mais de 3.000 itens (88% originais). Entre as obras raras, um tijolo com escrita cuneiforme se destaca na exposição. A peça tem significado importante, pois menciona o rei Nabucodonosor, responsável por conquistar Judá, destruir o templo de Jerusalém e levar o povo de Israel cativo para a Babilônia, em 609 a.C.

Um exemplar da Bíblia Vulgata Latina, da era medieval está no acervo da MAB (Crédito:Divulgação)
Um exemplar de uma Bíblia Vulgata Latina, de 1528, compõe o conjunto de bens que ainda conta com um “Jardim da Bíblia”, espaço com dezenas de espécies de árvores mencionadas nas Escrituras, como oliveiras e espinheira de Cristo. A coleção de numismática é vasta, com moedas que vão desde o período persa até o medieval. “Buscamos um diálogo do mundo científico com o público”, conclui o historiador.
A disciplina tem suas raízes no século XIX, quando os primeiros arqueólogos europeus e americanos buscavam confirmar a veracidade dos relatos do compilado sagrado. “No passado, procurava-se que a Ciência comprovasse a Bíblia. Hoje o objetivo é o aprofundamento na cultura para entender a história e os costumes das regiões”, afirma Micael.
Muitas descobertas importantes aconteceram por esses arqueólogos, principalmente em núcleos urbanos, como a cidade de Megiddo – localizada na Galiléia, atualmente Israel. Recentemente, foi encontrado por pesquisadores evidências do talento do rei Herodes, o Grande, para jardinagem – ele ficou mais conhecido na Bíblia por ordenar a morte de toda criança que pudesse ter a idade de Jesus.