Uma biografia no ritmo da vida
Obra sobre a trajetória de Carlinhos Brown narra a saga do músico que transformou o bairro de Candeal, na Bahia
Carlinhos Brown: de líder da Timbalada a compositor de sucessos cantados por Caetano Veloso e Gilberto Gil (Crédito: Leo Aversa)
Por Felipe Machado
Se alguém perguntar por Antônio Carlos Santos de Freitas nas ruas do bairro do Candeal, periferia de Salvador, ninguém vai saber quem é. Mas basta mencionar seu pseudônimo, Carlinhos Brown, para que os olhos de todos na comunidade se acendam. Nascido no local, aos poucos ele o transformou em um pólo de cultura e educação. Com iniciativas como o grupo de percussão Timbalada e o centro educacional Pracatum, Brown mudou a realidade de garotos que, como ele, investiram na música como forma de ascensão social. Mais tarde criou o Estúdio do Sapo, frequentado por celebridades como Ron Wood, dos Rolling Stones, e Ziggy Marley, filho de Bob Marley. A história de sucesso dá o tom da biografia Meia-Lua Inteira, de Julius Wiedemann. “Brown fez do Candeal um símbolo do seu trabalho”, afirma o autor. “Em vez de sair para um lugar melhor, ele resolveu melhorar o lugar.” Alfabetizado aos treze anos, o músico tornou-se um dos mais bem-sucedidos compositores brasileiros, com hits gravados por Caetano Veloso, Marisa Monte e Gilberto Gil, entre outros. Sua trilha sonora da animação Rio foi indicada ao Oscar, o que lhe abriu portas no exterior. Inspirado pela espiritualidade do Candomblé, foi convidado para compor a trilha de Black Orpheus, musical inspirado na peça i, de Vinicius de Moraes, que estreia na Broadway em 2024.
“É um gênio de ouvido aguçado”
Julius Wiedemann nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu 23 anos no exterior. Foi editor da Taschen e hoje é CEO da Afluente, selo de livros com foco na cultura brasileira. Para Meia-Lua Inteira, gravou 30 horas de conversas com Brown e entrevistou mais de 50 pessoas em dois anos, entre elas a mãe do artista, dona Madá, e Boninho, da TV Globo, que convidou o artista para apresentar o The Voice Brasil. “Ele é um gênio de ouvido aguçado”, define Wiedemann.
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