Comportamento

Desempenho dos alunos brasileiros é lamentável, diz relatório

Resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes mostra que a deficiência brasileira só aumenta na área do ensino

Crédito: Ronaldo Silva

O percentual de 73% de brasileiros não sabem matemática: miséria intelectual dos adolescentes de 15 anos (Crédito: Ronaldo Silva)

Por Elba Kriss

Um dos principais exames educacionais do mundo mostrou que o Brasil vive um cenário dramático no ensino. Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) definiu o desempenho dos alunos brasileiros como lamentável.

Estruturada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a edição de 2022 avaliou 690 mil jovens de 81 países. Provas de Matemática, Ciência e Leitura são aplicadas a cada triênio para estudantes de 15 anos. No Brasil, 599 escolas participaram com, aproximadamente, 11 mil adolescentes, sendo 73% da rede pública. O resultado expôs que o País está entre os 20 piores do planeta.

Ocupamos a 65ª posição em Matemática, 61ª em Ciências e 53ª em Leitura. Um em cada 10 não se sente seguro na sala de aula, metade pena para compreender o que lê e não assimila o essencial de Ciências. Em Matemática, a região Norte obteve 363 pontos, ficando atrás da Palestina e Indonésia, ambos com 366. A análise exibe a desigualdade no ensino nacional, pois alunos mais ricos da rede particular alcançaram notas iguais a de países que estão no topo da classificação mundial.

A área mais preocupante é a de Matemática: sete entre dez adolescentes de 15 anos não sabem fazer as contas básicas e apenas 1% teve nota cinco ou seis. A prova é, na prática, um retrato do que o estudante adquiriu de conhecimento ao longo do Ensino Fundamental, que o prepara para o mercado de trabalho.

Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social e mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Princeton, exemplifica: “O Pisa mostra que 27% dos brasileiros obtiveram o nível dois de proficiência em Matemática. O que é isso? É sequer não conseguir utilizar conceitos matemáticos em situações do cotidiano. Por exemplo: comparar distâncias em rotas, e aplicações em vivências no exercício da cidadania”.

As análises exibem uma outra questão crônica: alunos que mais usam o celular tiveram desempenho pior. Entre os brasileiros, oito em cada 10 reconheceram desatenção por causa do aparelho nas aulas de Matemática.

“Esse é um tema que reflete a interseção entre tecnologia e educação no século 21”, considera Dayane Alemar, fundadora do curso pré-vestibular Salinha Dayane Alemar.

O Ministério da Educação comparou os dados atuais com os últimos anos: as médias de 2022 foram praticamente as mesmas de 2018 em Matemática, Leitura e Ciências.

“O Brasil ficou praticamente estável durante os anos em que sofremos a pandemia se comparado com a média da OCDE. Houve um esforço enorme por parte dos estados. Digo isso porque fui governador [do Ceará] e sei da ausência do MEC durante esse período”, analisa Camilo Santana, ministro da Educação.