Inteligência artificial dá cada vez mais lucro; confira
A IA está impulsionando a produtividade no mercado brasileiro. Cerca de 41% das empresas já estão implementando a ferramenta, trazendo benefícios para segurança, investimentos, saúde, agronegócio, atendimento ao cliente e marketing

A IA trouxe mais agilidade e precisão para os investimentos e vem impulsionando a medicina, salvando vidas e permitindo diagnósticos mais precisos e rápidos (Crédito: Istockphoto)
Por Mirela Luiz
A Inteligência Artificial (IA) tem trazido benefícios significativos para diversos setores da economia brasileira. Está automatizando tarefas que antes eram realizadas por humanos, oferecendo maior velocidade, precisão e redução de custos. Na América Latina, o dispositivo já é utilizado, principalmente, na detecção de problemas de segurança e de ameaças ao bom funcionamento das organizações, sendo adotada já por 44% das companhias do continente.
Além disso, o sistema também é empregado no atendimento eletrônico aos clientes e em atividades de marketing e vendas, representando 30% no volume utilizado. “Os CEOs estão se conscientizando de que o uso de IA com soluções de automação de processos acelera o retorno do investimento”, afirma Edgar Garcia, vice-presidente regional da UiPath para a Latam.
De acordo com estudo realizado pela IBM, cerca de 41% das companhias brasileiras já estão implementando ativamente a IA. Entre as empresas que adotaram essa tecnologia estão gigantes como MRV, Bradesco, Uber, Volvo, Hering e Itaú.
“Através da MIA fazemos por mês mais de quatro mil atendimentos. Hoje 80% das vendas da MRV são feitas pela inteligência artificial”, revela Reinaldo Sima, diretor de TI e Inovação da empresa.
O mercado financeiro é o segmento que mais se beneficia da IA — e isso fica bastante visível com o aumento dos canais online de interação com o consumidor.
O cliente não precisa mais perder tempo para solicitar serviços nem ficar por horas ao telefone para obter uma resposta simples, já que agora sistemas autônomos assumem essas e outras funções.
“Quando há melhoria na produtividade há aumento na margem de lucro e os bancos de fato são os mais beneficiados”, explica a advogada especializada em Direito Digital e economista Elaine Keller.
A Inteligência Artificial no mercado financeiro é passível de várias aplicações. O Itaú usa a ferramenta em diversas áreas. Na parte de investimentos, o sistema ajuda os clientes a entender os motivos que impactaram a performance dos seus portfólios.
“Com essa nova ferramenta, inédita em plataformas de investimentos, procuramos ajudar a traduzir a volatilidade dos mercados para os investidores”, diz Claudio Sanches, diretor de Produtos de Investimentos e Previdência do Itaú Unibanco.

Já o Bradesco tem a sua Bia, que funciona como uma assistente pessoal para os clientes. Ela permite a execução de atividades como transferências e pagamentos, usando a identificação por voz, por exemplo. A Bia é amplamente treinada e pode responder a cerca de 300 mil perguntas por mês, com uma taxa de precisão de 95%.
E agora também ajuda a prevenir golpes e fraudes via Pix. “A Bia se mostrou uma ferramenta fundamental em transações de segurança”, argumenta José Gomes Fernandes, diretor de Segurança Corporativa do Bradesco.
“Quando há melhoria na produtividade, há aumento na margem de lucro e os bancos
de fato são os mais beneficiados.”
Elaine Keller, economista e advogada
Apesar de a IA não estar preparada ainda para fazer tudo sozinha, ela já é realidade para apoiar indústria, instituições financeiras, varejo e o agronegócio.
“A IA gera lucro principalmente porque aumenta a eficiência operacional e a produtividade, processa grandes volumes de dados rapidamente e melhora a tomada de decisões. Ela abre novas oportunidades de negócios e reduz custos operacionais”, explica Eduardo Ibrahim, professor e especialistas em inteligência artificial.
Problemas e desafios
No entanto, há também desafios e preocupações relacionados à Inteligência Artificial. Um deles é a discriminação. Como a máquina aprende a partir de dados históricos, ela pode reproduzir comportamentos discriminatórios.
“Isso pode ser observado, por exemplo, na seleção de candidatos por meio de filtros baseados em dados históricos, o que prejudica grupos vulneráveis da sociedade”, explica Elaine.
Outro ponto de preocupação é a segurança da informação. Para que a Inteligência Artificial funcione adequadamente, é necessário utilizar uma grande quantidade de dados, conhecida como Big Data.
Porém, é crucial garantir que esses dados sejam manipulados de forma a respeitar a privacidade das pessoas. É fundamental garantir que as leis existentes sejam atualizadas para abordar os desafios trazidos pela tecnologia, sem cair em soluções políticas que possam limitar sua aplicação.
Seguindo o exemplo da Comissão Europeia, é possível complementar a legislação existente, adaptando-a a nova realidade.
