Comportamento

A volta do flip: a onda dos celulares dobráveis

Quem achou que a era dos celulares flip — aparelhos que podem ser abertos e fechados — tinha acabado se enganou. O modelo está voltando e com tudo

Crédito: Robin Utrecht

Novidade é a tela dobrável sem perda de qualidade (Crédito: Robin Utrecht )

Por Mirela Luiz

Se você não tinha idade suficiente na década de 1990 e início dos anos 2000, perdeu uma grande febre. À ocasião, todo mundo queria ter um celular StarTAC, da Motorola. E a evolução dele, batizada de Razr (pronuncia-se reizor), se tornou símbolo de status na virada do milênio. Mas a chegada do iPhone, em 2007, varreu do mapa o modelo queridinho. No entanto, a combinação de nostalgia com inovação e design diferenciado tem atraído os jovens consumidores e impulsionado o crescimento do segmento dos flips, fazendo com que o modelo voltasse com tudo em 2023.

Não é à toa que Apple, Samsung, Motorola e outras fabricantes estão preparando lançamentos de celulares dobráveis. “É uma mistura de inovação com nostalgia”, diz Lucas Gilbert, CPO e sócio da Allugator, empresa de assinatura de celulares e eletrônicos.

De acordo com estudo realizado pela Decluttr, serviço online especializado em venda e renovação de tecnologia antiga, o interesse por telefones dobráveis está em ascensão entre os jovens da Geração Z e os Millennials.

As buscas online por esses dispositivos tiveram um aumento de 15.369% desde o ano passado, coincidindo com o lançamento de novos modelos de aparelhos dobráveis no mercado.

Um dado interessante é o aumento nas buscas por “Razr flip”, que cresceram 241%, e por “Oppo flip phone”, que tiveram um incremento de 511% nos últimos 12 meses. Até mesmo a Samsung entrou na onda, lançando o modelo Galaxy Z Flip 5 Retro, inspirado em designs clássicos.

Segundo Andréia Sousa, analista de Consultoria e Pesquisa de Consumer Devices da IDC Brasil, esse fenômeno pode ser atribuído à nostalgia por uma época em que a tecnologia era mais simples. Ela destaca que a chegada desses modelos tem sido um momento de resgate das pessoas que vivenciaram a primeira geração do flip e a aproximação da nova geração do passado de seus pais, tios. “É sobre ganhar de volta os usuários que os vivenciaram e, de certa forma, também influenciar a nova geração.”

Gilbert prevê que esse desejo por inovação e design único irá impulsionar ainda mais o mercado de telefones dobráveis, resultando em um maior desenvolvimento e oferta de dispositivos.

“O motivo é simples: com flip você consegue um celular menor, mais fácil de carregar, mas que, ao abrir, fica com a tela grande”.
Lucas Gilbert, CPO e sócio da Allugator

Os números confirmam o sucesso da onda retrô. As vendas de telefones dobráveis em 2023 aumentaram 44% em comparação com o ano passado.

Previsões são ainda mais impressionantes: estima-se que até 2027 mais de 54 milhões de dispositivos sejam vendidos, representando aumento de 382% em relação aos 14,2 milhões vendidos em 2022.