Melhor bairro do mundo, segundo ranking da Time Out, fica na Colômbia; confira
Bairro colombiano é eleito o mais legal do planeta, seguido por maioria europeia. Apesar de diversidade ser palavra-chave, gentrificação acompanha chegada de novos grupos
Por Ana Mosquera
O bairro mais legal do mundo existe e fica em Medellín, na Colômbia: Laureles. Pelo menos é o que diz o ranking da empresa global Time Out, que entrevistou 12 mil pessoas e estabeleceu a lista. “A cidade colombiana é um estudo de caso. É um exemplo de transformação urbana, com base na cultura e no bem-estar da população, sobretudo na última década”, diz Pedro Vada, arquiteto, professor e coordenador de urbanismo na Escola da Cidade.
Entre os 40 escolhidos, o denominador comum é a diversidade. De pessoas e experiências. Enquanto um pub tradicional divide espaço com uma cafeteria de iniciativa social em Dublin, na Irlanda, em Copenhague, o Teatro Real da Dinamarca, de 1874, convive com o Opera Park, de 2004.
Além da cena cultural, a proximidade com a natureza e atividades ligadas ao bem-estar fazem a diferença. Nascido em 1942 e construído por operários, quase um século depois é em Laureles que está a vida noturna de Medellín, na área La 70, e o estádio de futebol Atanasio Girardot, que recebe shows famosos, além de jogos.
Pelas ruas, os típicos carrinhos de fruta coabitam com restaurantes saudáveis e estúdios de ioga, e passado e presente parecem se entender.
A investida de marcas, a chegada de novos estabelecimentos gastronômicos e o avanço dos nômades digitais somam méritos ao prêmio na mesma medida em que fazem crescer o preço de tudo, principalmente dos aluguéis.
No bairro colombiano, que tem área de 6,05 Km2 e abriga 4,8% da população de Medellín, o metro quadrado mínimo está por volta de R$ 55. Na paulistana Vila Madalena, 13º colocada em 2022, seu valor médio entre imóveis para locação é de R$ 70.
Ao aumento dos preços se somam os riscos de apagamento de culturas e tradições. “Há um aproveitamento da condição de, entre muitas aspas, abandono, por uma parcela da população que vê a situação como oportunidade de negócio.”
Vada dá exemplos de localidades que passaram pelo processo, como Soho, em Nova York, nos EUA, e Vila Madalena e Pinheiros, em São Paulo, e dos que sofrem as mudanças no momento, como Santa Cecília e Vila Buarque, também na capital paulista.
Sobre os que podem chegar aos mais legais no futuro, ele aposta no potencial de resistência de comunidades de Belo Horizonte, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. “São coletivos, geralmente de jovens e ligados à arte, que estão se apropriando dos espaços de maneira criativa e pertinente, e levando pessoas que não costumavam frequentá-las para conhecer as regiões.” Qual será o próximo brasileiro no pódio?