Cientistas inventam galinha transgênica contra gripe aviária
Aves geneticamente resistentes à gripe aviária podem prevenir futuros surtos. Maior exportador mundial de frango, o Brasil vive estado de emergência zoossanitária
Genes modificados contra a influenza aviária: doença prejudica comércio internacional (Crédito: AFP PHOTO / Ecuador's Agriculture Ministry)
Por Elba Kriss
Cientistas do Reino Unido apostam na geração de galinhas transgênicas para solucionar o problema da gripe aviária. Em 2022, milhões de animais foram sacrificados por causa da doença, especialmente na Europa e EUA — o prejuízo dos norte-americanos foi de US$ 661 milhões. Maior exportador mundial de frango, o Brasil prorrogou na terça-feira, 7, o estado de emergência zoossanitária declarado em maio após a descoberta dos primeiros casos em aves silvestres. Infectologistas da Universidade de Edimburgo, do Imperial College London e do Instituto Pirbright realizam pesquisas com galinhas geneticamente resistentes, com o objetivo de prevenir futuros surtos.
O estudo, cujos testes foram eficazes, confirmou a criação de um animal resistente feito com a modificação da família de genes ANP32.
Por meio da técnica de edição genética conhecida como CRISPR, a ação do agente infeccioso foi limitada: “Nas galinhas, o influenza A depende da proteína hospedeira ANP32A”, diz o relatório.
A alteração desse ponto impediu a replicação do vírus: “Nove entre dez galinhas geneticamente editadas permaneceram não infectadas”. Com doses maiores, no entanto, o resultado caiu pela metade.
“Nossos dados revelam que múltiplas modificações genéticas serão necessárias para reduzir a carga viral”, declararam os cientistas. Mesmo assim, o sucesso do feito abre um caminho mais certeiro para o que pode vir a ser a erradicação desse mal.
“O combate à gripe aviária merece a atenção de todos, pois a doença pode impactar diversos setores do País.”
Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária
Em 2022, 67 países em cinco continentes relataram surtos em criações de aves. O Ministério da Agricultura e Pecuária informa que o Brasil já soma 139 focos confirmados, casos detectados em espécies que incluem aves silvestres, aves de subsistência e mamíferos. “O combate à gripe aviária é uma questão que merece a atenção de todos, pois o avanço da doença pode impactar diversos setores do País”, anunciou o ministro Carlos Fávaro.
“A prorrogação do estado de emergência nos dará mais segurança para o enfrentamento dessa crise sem maiores riscos.” À população ficam os alertas:
• não tocar ou recolher aves doentes ou mortas,
• acionar imediatamente o serviço veterinário.
Não há risco no consumo de carnes e ovos, nem de qualquer produto de origem animal inspecionado.