Fantástica biblioteca de Babel

Por Antonio Carlos Prado

A Academia Brasileira de Letras acaba de abrir uma significativa e culta exposição de livros clássicos da história da humanidade. Trata-se de uma mostra jamais vista no País, prestigiando o cânone literário ocidental. Chama-se Nova Babel (In) finita e sua montagem inspirou-se no conto La Biblioteca de Babel, de autoria do argentino Jorge Luis Borges (datado de 1941). A exposição reúne trezentas obras, todas pertencentes ao médico, professor, escritor e colecionador de arte gaúcho Gilberto Schwartsmann, presidente da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre. Há centenas de primeiras edições e manuscritos, alguns com correções dos próprios autores. Compõem a mostra, entre outras preciosidades, trabalhos de Miguel de Cervantes, Dante Alighieri, Michel de Montaigne, William Shakespeare, Honoré de Balzac, James Joyce, Eça de Queiroz, Machado de Assis. Dois destaques: o poema épico A Epopéia de Gilgamesh, escrito pelos sumérios por volta de 2.000 a.C, narrando a procura do rei Uruk pela imortalidade; e Ilíada, poema atribuído ao grego Homero no século IX a.C, descrevendo a Guerra de Tróia.

SAÚDE
A bebida que promete cortar a ressaca

Qualquer médico coerente com sua formação científica dirá que a ingestão abusiva ou nociva de bebida alcoólica lesa a saúde. Dentre pensadores, lembremos de um dos líderes da revolução norte-americana e primeiro embaixador dos EUA na França, Benjamin Franklin: “nunca beba até o entorpecimento. Aconselha-te com pouco vinho, e decida com muita água”. Assim, para quem bebe, uma vez ou outra, a empresa Safety Shot Inc. lança no Reino Unido a primeira bebida que promete reduzir os efeitos da ressaca — e livrar a pessoa do arrependimento da dose a mais na noite anterior. Segundo a empresa, o produto acelera a metabolização do álcool no organismo em meia hora. A sua composição envolve vitaminas, minerais e nootrópicos. Especialistas afirmam que atua no cérebro sendo captado pelos mesmos receptores neuronais para o álcool, o que faz com que a ressaca passe. A bebida estará disponível em sites, restaurantes e bares britânicos. Como bebida alcoólica é droga, lícita, mas droga, vale o alerta: beba com extrema moderação, lembrando que essa moderação pode ser perdida por efeito do próprio ato de beber. É o caso de quem jura que beberá uma dose e acaba bebendo o bar inteiro.

PORTUGAL
Os Lusíadas e a renúncia do primeiro-ministro

Para nós, que diariamente assistimos à Polícia Federal cumprir mandados de busca e apreensão contra políticos, e tais políticos continuarem na praça firmes e fortes, surpreende o gesto do ex-primeiro-ministro de Portugal António Costa. Na terça-feira 7, ele renunciou justamente em decorrência de mandado similar – é suspeito de corrupção em negócios com lítio e hidrogênio verde. Na terra de Os Lusíadas, Costa naufragou na política feito Vasco da Gama nos oceanos ao não prestarem atenção, no poema, ao conselho do Velho do Restelo: insistir é perigoso. Gama não parou de navegar, Costa não parou de ser premiê desde 2015, quando conseguiu o inimaginável Acordo de Geringonça: ele, moderado do Partido Socialista, formou coalizão com o Partido Comunista, o Bloco e os Verdes, todos radicais de extrema esquerda no contexto europeu. O excessivo tempo no cargo o desgastou. Foi importante líder continental como vice-presidente do Parlamento Europeu entre 2004 e 2005. Afundou agora.

PRECONCEITO
O tropeço de Anielle

Todo preconceito é crime e, sendo assim, quem o pratica torna-se criminoso e deve ser legalmente punido. Tem-se de tomar cuidado, no entanto, para não se desconstruir a luta pelo politicamente correto, exacerbando a sua defesa a ponto de torná-la vazia. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, está entre os melhores quadros do governo federal e da sociedade brasileira na manutenção do Estado de Direito, da democracia e da não discriminação. Pecou, porém, ao afirmar que a expressão “buraco negro” é racista. Não é. Remete à Física e significa “região do espaço com campo gravitacional tão intenso que nem mesmo a luz consegue escapar de dentro dele”. É ciência, não termo preconceituoso.