Comportamento

Elon Musk: guinada à direita e balanço negativo do X (ex-Twitter)

Um ano após comprar o Twitter, Elon Musk não tem o que comemorar: pagou US$ 44 bilhões por uma empresa que vale menos da metade do valor, fruto da gestão confusa e da explosão dos radicais de direita

Crédito: Jaap Arriens

Elon Musk, o homem de 225 bilhões de dólares: envolvimento com conservadores após a filha se assumir trans (Crédito: Jaap Arriens)

Por Felipe Machado

O empresário Elon Musk comprou o Twitter há um ano, mas a festa de aniversário não deve ser das mais animadas. Depois de pagar US$ 44 bilhões em outubro de 2022, a companhia distribuiu ações para seus funcionários estimando que seu valor total está na casa dos US$ 19 bilhões. Além de rebatizar a rede social de X — embora todo mundo continue chamando de ex-Twitter —, Musk assumiu defendendo a qualquer custo o conceito da liberdade de expressão. A decisão provocou a explosão do número de perfis de extrema-direita, que viram na nova gestão da plataforma uma oportunidade de difundir suas ideias radicais sem serem responsabilizados. O ambiente ainda mais belicoso afastou os anunciantes, o que fez com que a receita de publicidade sofresse uma queda de 60%. O tráfego global para o X também caiu 14% em relação ao ano anterior, e o discurso de ódio afastou o total de usuários ativos, que sofreram uma redução de 30%.

Especula-se que Musk tenha se tornado ícone da direita por um motivo pessoal: ele passou a odiar a agenda progressista após sua filha Vivian Jenna Musk mudar de nome para Jenna Wilson, o sobrenome da mãe, e se declarar transexual. Para Musk, a culpa foi do “comunismo ensinado nas escolas”.

Em sua nova fase, o empresário promoveu a campanha à Presidência do governador da Flórida, Ron DeSantis, um ultra-conservador anti-LGBT+, e devolveu o perfil ao ex-presidente Donald Trump, que havia sido suspenso da plataforma.

(Jonathan Raa)

Após um período conturbado como CEO, Musk decidiu entregar o cargo à executiva Linda Yaccarino. A nova líder garante que a situação financeira está melhorando, mas como o capital da empresa foi fechado, não há mais controle externo feito pela Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio dos EUA (SEC). Os dados, portanto, não são confiáveis.

Aquisição impulsiva

A compra do Twitter foi uma operação quase hostil, segundo a biografia Elon Musk, de Walter Isaacson. Interessado em “aprimorar o serviço”, o bilionário comprou ações e se tornou conselheiro. Menos de 24 horas depois, ele ligou para Bret Taylor, presidente do Conselho, e afirmou que faria uma oferta.

Começou então a criticar a empresa publicamente. Contrário ao isolamento social, postou: “Que tal converter a sede do Twitter em São Francisco em um abrigo para sem-teto, já que ninguém aparece para trabalhar mesmo?”.

Um dia depois, havia 1,5 milhão de votos, 91% a favor. Hoje, o dono do X tem mais de 160 milhões de seguidores. Apesar de ter tomado decisões impulsivas que se revelaram positivas para seus outros negócios, entre eles a Space X e a Tesla, à frente do X Musk enfrenta dificuldades porque uma rede social exige outro tipo de comportamento — uma empatia que Musk já demonstrou não possuir por muitos seres humanos.

Mark Zuckerberg, da Meta: segundo a acusação, empresa sabia que causava mal aos jovens (Crédito:Julia Nikhinson)

O impacto negativo das redes

A ideia de que as redes sociais exercem um enorme impacto sobre o cérebro humano é uma verdade indiscutível. Mas qual seria a influência delas sobre a mente dos jovens? Nociva. Trinta e três estados norte-amercanos estão processando a Meta, dona do Facebook e Instagram, sob a alegação de que as empresas estão ajudando a provocar uma crise de saúde mental nos adolescentes devido à natureza viciante de seus produtos.

“A Meta se aproveita de tecnologias poderosas para atrair, envolver e ludibriar jovens e adolescentes”, diz a denúncia. “O motivo para isso é um só: lucro.” Outras redes sociais, entre elas o TikTok, da chinesa ByteDance, e o Youtube, do Google, são alvos de centenas de processos pela mesma razão.

A Meta é a bola da vez desde que documentos de 2021 revelaram que a empresa sabia que o Instagram piorava o problema da imagem corporal de algumas adolescentes. A Meta respondeu: “Estamos desapontados porque, em vez de trabalhar de forma produtiva com o setor para criar padrões adequados, os procuradores-gerais escolheram esse caminho”, informou a empresa em comunicado.