As zebras paulistanas

Crédito: Sergio Lima/Pedro Ladeira

Os deputados Tabata e Kim disputarão a Prefeitura de SP: jovens e zebras (Crédito: Sergio Lima/Pedro Ladeira)

Por Germano Oliveira, Marcos Strecker e Vasconcelo Quadros

As pesquisas indicam que a eleição municipal em São Paulo está polarizada entre o atual prefeito, Ricardo Nunes, candidato à reeleição, e o candidato de Lula, o deputado Guilherme Boulos, mas começam a ganhar corpo duas candidaturas que podem incendiar a disputa: os deputados Tabata Amaral (PSB) e Kim Kataguiri (União Brasil). Verdadeiras zebras. Em primeiro está Boulos e o segundo é Nunes. Tabata e Kim estão na terceira e quarta posições, respectivamente. A deputada socialista conta com o apoio do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que, em evento na Assembleia Legislativa de São Paulo, no sábado passado, disse que “ela é a novidade” e representa a verdadeira possibilidade de mudança na capital paulistana. Já Kim é considerado de direita e foi bolsonarista em 2018.

Jovens

Kim, com 27, e Tabata, com 29, estão entre os mais jovens parlamentares no Congresso, mas são diametralmente opostos. Kim é um candidato conservador. Na campanha de 2018, como líder do Movimento Brasil Livre (MBL), ele apoiou Bolsonaro, mas logo depois se indispôs com o bolsonarismo. Hoje, está mais próximo do governador Eduardo Leite (RS).

Harvard

Tabata já está no segundo mandato como deputada. Cofundadora do Movimento Mapa Educação, ela surgiu no cenário educacional brasileiro ao se formar em ciência política pela Universidade Harvard (EUA) e adota essa bandeira no Congresso. Hoje, namora o prefeito do Recife, João Campos, outro expoente do PSB. Ela tem grande influência entre os jovens.

Vitória da ala política

(Rafael Vieira)

A ala política do governo, considerada desenvolvimentista (defende os grandes projetos de investimentos em detrimento do equilibrio das contas públicas), entre eles Lula e o ministro Rui Costa (Casa Civil), vem ganhando todos os embates que tem travado contra os que pregam a responsabilidade fiscal, como Haddad. A última vitória dos desenvolvimentistas é a fala de Lula contra o déficit zero para o ano que vem.

Rápidas

Estados menores, como MS, MT e TO, reclamam dos critérios estabelecidos para a criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR), que dividirá os recursos arrecadados com a Reforma Tributária, avaliados em R$ 60 bilhões. SP, BA e MG serão beneficiados.

Os irmãos Gomes não se entendem. A executiva nacional do PDT interveio no diretório do Ceará para resolver a disputa sobre a eleição de 2024. O senador Cid não gostou da solução e diz que vai deixar o partido.

Ao invés de aumentar o número de mulheres no governo, Lula corta uma ministra do sexo feminino sempre que precisa demitir algum colaborador para entregar o cargo ao Centrão: já caíram Daniela Carneiro, Ana Moser e Rita Serrano.

Lula indicou os economistas Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira para diretorias do Banco Central que ficam vagas em dezembro. Ainda precisam passar por sabatina no Senado, mas o governo terá quatro votos no Copom.

Retrato falado

“Eu não tenho esse poder todo que falam” (Crédito:Moreira Mariz)

Davi Alcolumbre (União-AP) já foi presidente do Senado e quer ser novamente o manda-chuva do Salão Azul, em substituição a Rodrigo Pacheco. Como presidente da CCJ, ele já manda muito, mas, em entrevista à “Folha”, disse que não tem tanto poder como dizem. De qualquer forma, admite que foi padrinho da indicação de três ministros no governo Lula, sobretudo a do ex-governador Waldez Góes (Integração). Nega, porém, que a relação dos senadores com Lula seja do toma lá dá cá.

Centrão insaciável

Afinal, é o Centrão de Lira que domina o Executivo, extorquindo emendas e cargos em troca de aprovações de projetos importantes, ou é Lula que dá as cartas no Congresso, votando o que julga essencial? O fato é que, achacado ou não pelo insaciável presidente da Câmara, o governo vem aprovando o que precisa para a tal governabilidade que Lula sempre invoca. Basta ver que mesmo nos governos anteriores, o PT sempre tentou taxar as grandes fortunas e nunca conseguiu, nem mesmo quando tinha uma base aliada de mais de 400 deputados. Agora, com apenas 100 parlamentares fiéis, o petista conseguiu aprovar a taxação dos super-ricos e das offshores, em troca da Caixa.

Lobo no galinheiro

Lira mantém Lula com a faca no pescoço. O Centrão sempre pede algo em troca para aprovar uma matéria do governo. Mesmo após obter a presidência da Caixa, quer mais poder sobre os R$ 46,3 bilhões das emendas parlamentares, sobretudo em relação aos R$ 10 bilhões que estão nos cofres dos ministérios.

Toma lá dá cá: Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro

Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro (Crédito:Divulgação)

Como resolver o efeito da violência nas imediações das escolas?
Escola deve ser lugar sagrado, de paz, não ficar no meio do fogo cruzado. Cada dia de aula perdido deve ser tratado como
uma tragédia pela sociedade.

A pandemia afetou o desenvolvimento escolar das crianças?
Temos diferentes programas pedagógicos para fazer com que ninguém fique para trás. Um exemplo é o Rio Alfabetiza, focado em alfabetizar todas as crianças na idade certa.

Qual a importância da tecnologia nas salas de aula?
Nosso principal projeto é o Ginásio Educacional Tecnológico (GET), um modelo inovador. São escolas de tempo integral que seguem a metodologia STEAM (foco em ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática).

Missão China

Empresários mineiros estão em Xangai desde quinta-feira, 2, para participar da Feira China Import Internacional Expo, liderada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. Segundo Flávio Boscoe (foto abaixo), presidente da FIEMG, a expectativa é de se fechar negócios no valor de US$ 73 bilhões, com um aumento de 3,9% em relação à edição de 2022.

(Divulgação)

Apoio das empresas

De acordo com Flávio Boscoe, o evento em território chinês conta com o patrocínio de várias empresas brasileiras, como a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais, Vale, Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, J.Mendes e Gerdau, além de parceria da Arcelormittal e Samarco, e apoio da ApexBrasil e do Conselho Empresarial Brasil-China.

Na contramão da história

(Pedro Ladeira)

Enquanto os maiores portos do mundo são privatizados para obterem maiores investimentos, competitividade e eficiência, o Porto de Santos saiu da lista do Programa Nacional de Desestatização (PND). Ou seja, o ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) acaba de anunciar que o complexo portuário continuará sobre o manto dos cabides de emprego e da defasagem estrutural.