Cultura

Um terremoto chamado Taylor Swift

A cantora mais popular da atualidade também quebra recordes fora dos palcos: 'The Eras Tour', documentário sobre sua bem-sucedida turnê norte-americana, já é o filme-show mais visto de todos os tempos

Crédito: Valerie Macon

Taylor Swift na noite de estreia de seu filme: mais ingressos vendidos que Robert De Niro e Leonardo DiCaprio (Crédito: Valerie Macon)

Por Felipe Machado

Quebrar recordes faz parte da rotina da cantora e compositora Taylor Swift. Em 2023 foram vários: ela tornou-se a artista feminina com o maior número de álbuns no topo da parada, superando Barbra Streisand. Foi a primeira mulher a conquistar 100 milhões de ouvintes mensais na plataforma de streaming Spotify. E é a única cantora, até hoje, a ter emplacado quatro discos simultaneamente entre os Top 10 da revista Billboard.

Tudo que diz respeito a Taylor Swift é superlativo. No fim de semana, ela alcançou cifras surpreendentes em outra área: o cinema. Com a estreia do documentário The Eras Tour, que chega às telas no Brasil em 3 de novembro, ela tornou-se a protagonista do filme-show mais visto de todos os tempos e arrecadou R$ 465 milhões nas bilheterias apenas em seu primeiro fim de semana.

Para se ter uma ideia, o novo filme de Martin Scorsese, Assassinos da Lua das Flores, com Leonardo DiCaprio e Robert De Niro, faturou R$ 115 milhões em seu lançamento, no mesmo período.

O longa mostra os bastidores dos shows da turnê que tem tudo para ser a mais lucrativa da história. A estimativa é que os 52 shows arrecadem ao todo R$ 11 bilhões — metade disso vai diretamente para a conta da artista de 33 anos. É mais que o dobro do valor arrecadado por Elton John em sua despedida, R$ 4,4 bilhões.

Isso se deve a diversos fatores, entre eles o reajuste que o preço dos ingressos teve ao longo dos anos. Taylor cobra em média R$ 1.270 por assento, enquanto uma entrada para shows semelhantes em 2018 custava entre R$ 375 e R$ 650.

A própria Taylor cobrava R$ 595 na turnê anterior, Reputation, de cinco anos atrás. Em Speak Now, de 2011, era preciso desembolsar R$ 415 para vê-la ao vivo.

Confusão na venda de ingressos em São Paulo: lotação esgotada em minutos (Crédito:Danilo Verpa)

O impacto de Taylor Swift não está restrito aos palcos ou às plataformas de streaming. Ela e seus seguidores fiéis, apelidados de Swifties, foram citados até no relatório do Banco Central norte-americano.

Tudo isso porque a turnê, ao atrair milhares de fãs, provoca enormes deslocamentos e mobilizações nos EUA. Esse fluxo tem um reflexo direto na ocupação de hotéis e na venda de roupas, merchandising, combustível e até mesmo de passagens aéreas.

Em pesquisa realizada pela QuestionPro, os fãs que compareceram a pelo menos um show da The Eras Tour gastaram, em média, R$ 1.455 em roupas, R$ 1.070 em produtos temáticos e R$ 655 em comida e bebidas.

“Apesar da lenta recuperação do turismo, o mês de maio foi o mais forte para a receita de hotéis desde o início da pandemia, em grande parte por causa do fluxo de hóspedes durante os shows de Taylor Swift na cidade”, informa o relatório do Banco Central norte-americano, citando o balanço da cidade na Filadélfia.

Chicago também associou o “efeito Swift” a um dos motivos pelo recorde de ocupação de hotéis no primeiro fim de semana de julho desse ano.

Na verdade, a empolgação dos fãs vai muito além do gasto com produtos — e isso pode ser comprovado de forma científica. Segundo a sismóloga Jackie Caplan-Auerbach, o público na cidade de Seattle nos dias 22 e 23 de julho de 2023 se movimentou tanto durante a apresentação que causou uma atividade sísmica equivalente a um terremoto de magnitude 2,3 pontos.

Talentosa e generosa

Taylor é um fenômeno tão abrangente, que consegue estender sua fama como um toque de Midas a quem está ao seu lado. Recentemente, ela apareceu pela primeira vez em um jogo do namorado Travis Kelce, jogador de futebol americano do time Kansas City Chiefs. No dia seguinte, os uniformes com o número 87, de Kelce, tiveram aumento de 400% nas vendas.

E a cantora não esconde a gratidão por sua equipe: presenteou com um cheque de R$ 500 mil cada motorista de caminhão que transportou seu equipamento pelas estradas americanas. “Ela mudou a vida desses profissionais”, disse Michael Scherkenbach, CEO da empresa.

Taylor dividiu ainda R$ 275 milhões entre bailarinos, técnicos e músicos que trabalham para ela. A nova rainha do pop, além de talentosa, é generosa.