De olho na vaga de Moro

Crédito:  Fátima Meira; Suamy Beydoun

Se Moro for cassado, duas mulheres disputarão sua vaga: Rosângela Moro e Gleisi Hoffmann (Crédito: Fátima Meira; Suamy Beydoun)

Por Germano Oliveira, Marcos Strecker, Vasconcelo Quadros

Enquanto o senador Sergio Moro (União-PR) responde a duas ações na Justiça Eleitoral do Paraná que pedem a cassação de seu mandato e sua inelegibilidade, candidatas à eventual vaga, que pode ser aberta com o afastamento do ex-juiz, começam a se mobilizar para disputar a eleição a ser marcada para substituí-lo. Entre as pré-candidatas para ocupar o posto estão sua mulher, a deputada Rosângela Moro (União-SP), e a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR). Fala-se que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) também gostaria de participar da disputa. Antes do TRE-PR marcar a eleição, porém, os processos precisam terminar com a condenação de Moro, por óbvio. Ele é acusado pelo PL e PT de abuso de poder econômico durante a pré-campanha, quando ainda estava no Podemos.

Acusações

Os principais argumentos que pedem a cassação de Moro vêm do PL, assegurando que o ex-juiz teria feito pré-campanha irregular quando ainda estava no Podemos, em novembro de 2021, e fazia campanha para presidente. O PL alega que o senador teve gastos excessivos e que prejudicaram outros candidatos ao Senado, como Álvaro Dias e Paulo Martins.

Defesa

A defesa do senador afirma que não houve abuso no custeio dos atos da pré-campanha. O advogado Gustavo Guedes diz que as despesas foram “módicas, transparentes e realizadas às expensas dos partidos políticos”, o que não o colocou em vantagem em relação aos principais concorrentes na disputa. Ele diz que a ação não passa de um “teatro jurídico”.

PSDB à deriva

(Felipe Della Valle)

O PSDB ainda não superou a crise interna derivada do fracassado processo de prévias realizado no final de 2021 e que terminou no racha que levou o partido a ficar sem candidato a presidente em 2022. Questionado na Justiça, o atual presidente Eduardo Leite (foto) admite não concorrer à reeleição na convenção marcada para novembro, facilitando o surgimento de um nome de consenso. Aécio Neves também não quer.

Rápidas

 Apesar de todos os ministros reclamarem da falta de recursos, os principais ministérios, como Saúde, Educação e Desenvolvimento Social, estão com R$ 27,4 bilhões “empoçados”, ou seja, parados nos cofres do governo por falta de projetos que viabilizem o uso das verbas.

Depois de passar quinze dias viajando pelo mundo (Índia e China), Arthur Lira quer agora retomar as conversas com Lula sobre seus pedidos de cargos no governo, incluindo a Caixa e a presidência da Funasa.

Consulta pública realizada pelo Senado sobre o projeto de lei do senador Hamilton Mourão que concede anistia aos acusados pelos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro mostra que a maioria dos votantes é contra a iniciativa.

Enquanto Lula determina que os auxiliares apoiem o deputado Guilherme Boulos para a prefeitura de São Paulo, o atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes, diz que seu adversário “é amigo do Hamas”.

Retrato falado

Lula: “Estou pronto para o combate outra vez” (Crédito:Gabriela Biló)

Lula voltou ao Palácio do Planalto esta semana depois de ter permanecido 23 dias se recuperando das cirurgias no quadril e nas pálpebras no Alvorada. A primeira aparição pública aconteceu na sexta-feira, 20, quando participou de uma videoconferência no evento de 20 anos do Bolsa Família. Bem humorado, disse que “Mano Menezes já me chamou para voltar a jogar no Corinthians e o Diniz está pensando em me chamar para a seleção. Estou pronto pro combate outra vez”.

Churrasco na laje

E não é que Lula tinha razão? O brasileiro já está podendo fazer seus churrasquinhos de picanha nos finais de semana desembolsando menos do que gastava há um ano. Na campanha, ele disse que se fosse eleito as pessoas poderiam comer mais picanha e tomar mais cerveja. Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, que mede a inflação, os preços das carnes tiveram uma deflação de 11,06% nos últimos 12 meses. Essa é a maior queda anual desde o lançamento do Plano Real, em 1994. Até setembro deste ano, 17 tipos de carne acumularam queda de preços. O filé mignon, por exemplo, caiu 15,52% e a capa de filé teve o valor reduzido em 14,9%.

A favorita picanha

A picanha, carne preferida do presidente, baixou 9,56% em um ano. Assim, nos próximos churrascos no Alvorada, Lula poderá comemorar que os maiores aumentos no preço da carne aconteceram na gestão de Bolsonaro. Só em 2019, as carnes fecharam com alta de 32,4%. Em quatro anos, o reajuste foi de 54%.

Composição de forças

A mais de um ano das eleições para a presidência da Câmara, os principais pré-candidatos se movimentam para obter apoios. Marcos Pereira (foto abaixo), presidente do Republicanos, procura ter aval dos governistas ao seu projeto de presidir a Casa. O Republicanos já tem o ministro Silvio Costa Filho no governo, mas Pereira diz que ele é “independente”.

(Washington Costa)

Ecos do passado

Lira, que não pode ser mais candidato, apoia Elmar Nascimento. E Kassab, do PSD, aposta em Antônio Brito. Mas o jogo está tão aberto que até o PT pensa em lançar um candidato próprio, embora o partido ainda não tenha se esquecido da tragédia que foi Dilma lançar candidato contra Eduardo Cunha. Eleito, Cunha tramou o impeachment da petista.

A bala de prata da energia verde

(Rogerio Neves)

Alexandre Baldy (foto), conselheiro especial da BYD no Brasil, disse na segunda-feira, 23, em evento da Bloomberg, que é preciso políticas governamentais para o impulsionamento da energia verde. “A bala de prata que nos falta é ter um projeto de governo de longo prazo.” Só assim, segundo ele, teremos investimentos consolidados para que o Brasil não seja apenas um país do futuro.

Toma lá dá cá
Entrevista com Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo

Orlando Morando, prefeito de São Bernardo do Campo (Crédito:Divulgação)

Por que a queda na arrecadação de ICMS deixou todas as prefeituras em crise?
Em São Bernardo, a arrecadação de ICMS foi fortemente impactada pela queda da atividade industrial, em razão dos altos juros praticados pelo BC. Produzimos veículos automotivos, que necessitam de juros acessíveis, o que hoje não acontece.

Como o problema afeta as cidades?
Nossa arrecadação de ICMS caiu R$ 100 milhões em 2023. Para compensar, criamos programas de incentivos para incrementar a receita sem aumentar a carga tributária.

Há prefeituras que terão dificuldade para honrar a folha de pagamentos?
Não é nosso caso. Fizemos um ajuste financeiro e, em 2023, conseguimos até reajustar os salários dos servidores de 7% a 11%.