Comportamento

Quer aprender a cozinhar? Tem gente graúda ensinando on-line

Em meio ao caldeirão de receitas do mundo digital, aprender a cozinhar com chefs consagrados está cada vez mais acessível, por meio de plataformas especializadas ou redes sociais

Crédito: Anni solha

Referência visual: designer Jun Ikeya preza pelo passo a passo (Crédito: Anni solha)

Por Ana Mosquera

“Qualquer um pode cozinhar” dizia o personagem do chef Gusteau na famosa animação Ratatouille. Em relação ao acesso à informação e à realidade geográfica isso é cada vez mais verdadeiro, uma vez que conteúdo didático online sobre o assunto não falta. Além do caldeirão de sites e aplicativos que reúnem receitas, o surgimento de novas plataformas digitais fez explodir o acesso à orientação de grandes profissionais para cozinheiros amadores que desejam se arriscar.

Com informações sobre os ingredientes e passo a passo detalhado dos preparos, estrelas da gastronomia investem em produções próprias ou promovem associações com grandes players do mercado.

Chef Bel Coelho: opção por ingredientes incomuns

“O ecossistema culinário é muito americanizado ou fechado no próprio país. Queríamos um sistema que pudesse tratar o conteúdo de forma globalizada”, conta Diego Zambrano, fundador da CREME.

A plataforma mundial reúne quase 1.500 vídeos de mais de 200 chefs de 50 nações, sendo 23% da audiência brasileira. Além das receitas, traz informações detalhadas sobre o desenvolvimento de habilidades específicas, como desossar porco ou limpar polvo.

“A iniciativa acaba misturando educação alimentar, solução de dúvidas e criação”, diz a chef Manu Buffara, eleita a melhor chef mulher da América Latina em 2022.

“Eu consigo ver e rever os movimentos dos chefs, e quando a receita pede um pouco de sal, posso ter uma referência visual”, afirma o designer Jun Ikeya.

“Estar no meio dessa seleção de nomes importantes do mercado é bem gratificante. Coloca todo mundo no mesmo lugar, puxando para cima quem está no começo da carreira, como é meu caso”, diz o chef Adriano de Laurentiis, que costuma consultar os materiais dos colegas.

Já a Academia UFS, com cursos de curta duração para chefs, estreou com formações online e gratuitas. Com destaque para a parceria com o ICCA — International Centre for Culinary Arts (Centro Internacional de Artes Culinárias) de Dubai, responsável por treinar mais de 9,5 mil chefs naquele país, as videoaulas trazem tendências e dicas sobre gastronomia, além de recursos de gestão para apoiar empreendedores que desejam abrir novos estabelecimentos ou aprimorar os que já existem.

Por conta própria

Com pessoal reduzido, ou em empreitada quase solitária, profissionais brasileiros se dedicam aos vídeos curtos nas redes sociais com precisão e estética diferenciada.

“Utilizar ingredientes que ninguém utiliza, fazer o ‘mise en place’, mostrar a técnica faz diferença”, diz a chef Bel Coelho.

O engajamento do público é um dos maiores enigmas em meio à novidade. Estudioso da gastronomia, o empresário Tito Paolone aposta em receitas fáceis. “Não desejo curtidas, quero saber que fiz alguém cozinhar em algum momento. Meu negócio é conectar as pessoas ao alimento.”

O aplicativo norte-americano Masterclass, que reúne cursos de profisionais famosos em diversas áreas, resolveu apostar recentemente nesse filão e contratou uma série de astros da cozinha, como Gordon Ramsay, Massimo Bottura e Wolfgang Puck, entre outros.

O famoso chef israelense Yotam Ottolenghi, que também está na plataforma, alterna a aparição em frente às câmeras com cozinheiros de sua equipe. Os amantes da gastronomia agradecem.

Chef Adriano de Laurentiis: aulas específicas sobre a preparação das lulas (Crédito:Divulgação)

 

Chef Manu Buffara: proximidade com o público, para além do restaurante (Crédito:Divulgação)

 

Empresário Tito Paolone: a recompensa é ver o seguidor aprender a cozinhar (Crédito:Divulgação)