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Esse é o pior Congresso da história do país

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felipe Machado: "À frente da Câmara, Arthur Lira profissionalizou o fisiologismo de tal forma que suas chantagens são feitas às claras, sem pudor, quase com nota fiscal" (Crédito: Divulgação)

Por Felipe Machado

Vamos ser sinceros, o Brasil nunca foi reconhecido pela qualidade de seus políticos. Muitos problemas nacionais foram e continuam a ser causados justamente por eles, um grupo que teria, teoricamente, a obrigação de tentar resolvê-los. A verdade, porém, é que nunca tivemos uma safra tão ruim. Embora a comparação seja dura, eu diria que esse é o pior Congresso da história.

É bom dizer logo que há falhas em todas as esferas. Temos um Executivo que ainda age pressionado por ideologias ultrapassadas, principalmente na política externa. Nosso Judiciário, então, está longe de ser perfeito: é corporativista, perdulário e ineficiente. Mas nenhum desses poderes chega aos pés do Legislativo, que, se nunca foi muito bom, agora é horrível.

A começar por seus líderes: à frente da Câmara, Arthur Lira profissionalizou o fisiologismo de tal forma que suas chantagens são feitas às claras, sem pudor, quase com nota fiscal. Já o opaco Rodrigo Pacheco, no Senado, virou apenas um carimbador das demandas de Lira e seu pantagruélico Centrão, cuja fome por cargos e verbas é cada vez mais difícil de saciar.

Esse é o Congresso que reclama que o governo gasta muito, mas que exige cada vez mais dinheiro para suas próprias emendas. Deputados e senadores que adoram defender a importância da “estabilidade fiscal” nas redes sociais, mas que são os primeiros a votar pautas-bomba que comprometem a economia do País. Gente omissa que só legisla em causa própria, mas que acusa o Supremo Tribunal Federal de legislar.

Quem manda no Brasil são os lobbystas, seres obscuros que controlam as “bancadas temáticas”, com o perdão do eufemismo

A última do plenário mostra como perderam a noção: aprovaram um projeto de lei que regula o mercado do carbono, importante medida socioambiental, mas que deixa de fora o agronegócio. Oi? O setor é responsável por 25% das emissões de gases estufa do País. Mas quem disse que o Congresso está preocupado com a lógica?

Isso tem um nome: lobby. O local, que um dia foi chamado de “Casa do Povo”, virou a “Casa dos Lobbystas”. Boi, bala, Bíblia — tem para todos os gostos. Junte-se a isso uma legislatura retrógrada e infestada de bolsonaristas, e tem-se o caos. Quem manda no Brasil são os lobbystas, seres obscuros que controlam as “bancadas temáticas”, com o perdão do eufemismo. Andam com vergonhosa desenvoltura pelos corredores de Brasília exibindo suas pastas Montblanc e ternos Zegna, alegando estar em prol dos “interesses econômicos do Brasil”. Dizer que isso é novo seria ingenuidade; compreender que isso virou a regra, no entanto,
é apenas a triste constatação de que o modelo legislativo brasileiro faliu.