Comportamento

Projeto brasileiro integra missão da Nasa a Vênus

Engenheiros de São Paulo desenvolvem simulador a ser usado na sonda Veritas, a missão que estudará a superfície e a atmosfera de Vênus

Crédito: Nasa/Divulgação

Missão da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos contará com sistema desenvolvido no País: inteligência tipo exportação (Crédito: Nasa/Divulgação)

Por Elba Kriss

Até o fim da próxima década, a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa) enviará a sonda Veritas a Vênus. A missão tem como objetivo mapear a superfície do planeta, um projeto grandioso liderado pelos Estados Unidos em parceria com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR) e a Agência Espacial Francesa. E é nesse ponto que o Brasil se destaca com domínio científico-tecnológico. Após anos de parcerias internacionais na área de Engenharia Aeroespacial, o Instituto Mauá de Tecnologia, de São Paulo, conseguiu o feito de se tornar a única entidade brasileira a colaborar com a Veritas por meio da DLR.

“Fomos convidados para desenvolver uma plataforma para os alemães testarem o software que fará parte da sonda”, conta o engenheiro Vanderlei Cunha Parro.

Além dele, os professores Roberto Menezes, Fabio Rofino, Marco Furlan, Sérgio Ribeiro, Daniel Guetter e Rodrigo França integram o time à frente do projeto. “Estamos criando um simulador”, detalha Parro. “Ele tem a função de ‘imitar’ o processador de bordo, as interfaces e toda a computação da sonda. Os alemães desenvolverão o sistema operacional que vai na base real a partir do nosso”, prossegue.

A importância disso é que, quando a nave estiver em órbita, a criação do País será fundamental para a manutenção da missão. “Como eu investigo um erro? No simulador. Muitas vezes, para se fazer uma manobra, é preciso um teste em solo para ter certeza que o software obedecerá. O simulador tem esse papel de longa duração: permanece até a missão ser extinta”, diz.

Uma curiosidade é que a colaboração se deu graças a Yuri Bunk, ex-aluno da Mauá, que hoje trabalha no DLR e intermediou o repasse do conhecimento nacional para a Nasa. “É provável que um aluno e um professor façam a entrega definitiva em março de 2024 na Alemanha”, adianta Parro, em tom de celebração.

Instituto Mauá de Tecnologia: professores e engenheiros brasileiros à frente do trabalho para o Centro Aeroespacial Alemão (Crédito:Instituto Mauá de tecnologia )

Vênus é o segundo planeta do sistema Solar mais próximo do Sol e similar ao nosso em tamanho, massa e composição. “Acredita-se que, no passado, possuía oceanos como os da Terra, que evaporaram quando a temperatura se elevou”, diz Menezes.

Isso explica o objetivo da Veritas em investigar o que aconteceu para que o ambiente tenha se tornado hostil. “Essa missão trará importantes benefícios para a engenharia espacial brasileira no cenário mundial”, continua o especialista. O Brasil já se beneficia com a transferência de tecnologia.

“A Nasa é um órgão renomado. O centro da Alemanha igualmente tem cultura em termos espaciais. Quem ganha é a nossa ciência”, finaliza Parro.