Cultura

Conheça os astros de Hollywood e do rock que se dedicam às artes plásticas

Tendência vem despertando a atenção dos críticos e do mercado, o que aumenta a valorização das obras das celebridades

Crédito: Divulgação

Jim Carrey: trocou a carreira de ator pela de artista plástico (Crédito: Divulgação)

Por Felipe Machado

Há quem diga que os verdadeiros artistas são aqueles que conseguem se expressar com talento e originalidade em múltiplas formas. O maior entre todos os polímatas (pessoas competentes em diversas áreas do conhecimento) foi Leonardo Da Vinci: pintor, escritor, arquiteto, engenheiro e escultor, entre outras atividades. Claro que há anos-luz de distância separando a genialidade do florentino dos atores atuais.

Mas um grupo de astros de Hollywood tem se aventurado por caminhos diferentes de suas carreiras originais, e com um resultado às vezes surpreendente.

A lista é longa. O ator James Franco, famoso por filmes como Comer, Rezar, Amar e Artista do Desastre, tem apresentado uma interessante trajetória como artista visual multimídia, cuja obra inclui fotografia, vídeo, pinturas e desenhos.

Seu trabalho muitas vezes envolve reinterpretações provocativas de textos retirados de filmes, como sua instalação multimídia Psycho Nacirema, que recontextualiza trechos do roteiro de Psicose, clássico de Alfred Hitchock de 1960, e New Film Stills, de 2014, homenagem à série de fotografias Untitled Film Stills, de Cindy Sherman. No site Artsy, plataforma de e-commerce de produções artísicas, é possível adquirir uma pequena tela de sua autoria por US$ 5 mil, o equivalente a R$ 25 mil.

O ator que vem despertando as maiores paixões na área das artes visuais, no entanto, é o comediante Jim Carrey. Ele começou a se dedicar à pintura após o traumático fim do seu casamento com a atriz Jenny McCarthy, em 2011. Desde então ele praticamente abandonou a carreira de ator, tendo participado de um único filme, Sonic, em 2020.

Carrey chegou a anunciar sua aposentadoria em uma entrevista: “Já tenho o suficiente, fiz o suficiente, sou o suficiente”, afirmou. Optou, pelo jeito, pela carreira de artista visual, passando a expor suas obras em galerias e museus ao redor do mundo.

Seu trabalho pode ser visto no documentário I Needed Color (Eu Precisava de Cor), dirigido por David Bushell e disponível online. “Um artista é alguém que cria modelos para sua vida interior. É quem transforma em obra física algo que é inspirado por suas emoções, por suas necessidades ou pelo que acham que o público precisa”, definiu.

Obras de Anthony Hopkins: “Não preciso provar nada”, diz o ator (Crédito:Ben Stansall)

Outro grande nome de Hollywood que vem se dedicando às artes plásticas é Sir Anthony Hopkins, vencedor do Oscar por O Silêncio dos Inocentes. O trabalho do ator britânico tem sido exibido em mostras internacionais e vem ganhando elogios da crítica especializada.

O valor de seus quadros já ultrapassa os US$ 100 mil, cerca de meio milhão de reais. Questionado sobre a pressão para que tenha nas galerias o mesmo sucesso que alcançou nas bilheterias, o ator é direto: “Não sinto medo, não acredito que preciso provar nada”, declarou. “Eu costumava me levar muito a sério, mas agora não faço mais isso. Eu me permito curtir a natureza estimulante da vida.”

A Harte Gallery, que o representa, mostra que o negócio é sério: ela comercializa obras de mestres como Salvador Dalí e Joan Miró. Na lista de artistas contemporâneos, Hopkins compartilha o espaço com outro colega de ofício: Anthony Quinn, protagonista de Zorba, o Grego.

Além de serigrafias, Quinn é reverenciado por suas belas esculturas em mármore, o que apenas comprova que alguns artistas têm sensibilidade e talento para atuar em diversas áreas.

Das guitarras aos pincéis

O valorizado Ron Wood

(Chris Jackson)

Considerado o mais talentoso entre os músicos que se dedicam às artes plásticas, o guitarrista dos Rolling Stones atrai os colecionadores: seus quadros e prints numeradas estão cada vez mais valorizados.

A poesia visual de Bob Dylan

(Adrian Dennis)

O estilo poético do compositor norte-americano pode ser visto também em suas pinturas a óleo. Dedicando-se à atividade desde os anos 1970, o músico teve aulas com o russo Norman Raeben e criou, a partir daí, um trabalho influenciado por Edward Hopper e David Hockney.