Punição exemplar

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Germano Oliveira: "Lugar de golpista é na prisão" (Crédito: Divulgação)

Por Germano Oliveira

No último dia 30 de agosto, duas semanas antes do STF começar a analisar as primeiras 232 ações penais que acusam os réus de depredação das sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro, a ministra Rosa Weber, presidente do tribunal, promoveu uma emotiva sessão para o lançamento do documentário Democracia Inabalada. Com a presença de todos os magistrados da Corte, a ministra quase foi às lágrimas.

O filme, muito bem dirigido, mostrou inicialmente as imagens do bárbaro ataque à instituição, que culminou com a destruição completa do plenário, palco de memoráveis de debates, inspirados pelo mais genuíno Estado Democrático de Direito, e encerrou-se com o hercúleo trabalho de reconstrução dos destroços a que os bolsonaristas transformaram a Casa protetora da Constituição.

Todos os ministros e funcionários graduados do tribunal revelaram detalhes dos bastidores da incansável luta pela recuperação das instalações físicas da instituição, mas há no documentário um sentimento que jamais será apagado. A selvageria do ataque marcou profundamente a alma de todos os magistrados.

E não foi apenas a presidente da Corte que se emocionou diante da insólita cena de estupidez coletiva patrocinada pelos comandados por Bolsonaro. Ainda na noite do atentado, a ministra Rosa se reuniu com as demais autoridades dos Três Poderes no local da bestialidade extremista e fizeram promessas públicas de que os responsáveis pela atrocidade não ficariam impunes.

Afinal, o que houve ali naquele dia 8 de janeiro não foi “um domingo no parque”, como ponderou o ministro Alexandre de Moraes ao condenar o primeiro réu pela devastação das sedes dos poderes a 17 anos de cadeia. Foi a demonstração cabal de como os radicais da extrema direita queriam perpetuar o golpe de Estado que vinham engendrando desde os primeiros dias do governo Bolsonaro.

Quando viram que o ex-capitão não conseguiu se reeleger e que a cúpula das Forças Armadas não se mexia para inviabilizar a posse de Lula, os aloprados bolsonaristas passaram da intenção a fatos concretos. Entendiam que com a invasão aos Três Poderes poderiam deflagrar um grande motim nacional e derrubar o candidato do PT eleito democraticamente.

Por isso, o ato das autoridades realizado sobre os escombros dos prédios públicos ainda na noite de 8 de janeiro, e tão bem retratado no documentário do STF, foi apenas o gatilho disparado pela unanimidade dos magistrados para sacramentar um posicionamento contra os bandoleiros que pregavam o golpe.

E essa postura pode ser claramente observada nas primeiras sentenças dadas pelos ministros da Suprema Corte: todos os 1.300 “patriotas” que ocuparam as portas dos quartéis, e de lá saíram com o objetivo de destruir a democracia, serão exemplarmente punidos. Lugar de golpista é na prisão.