A Semana

Carta comprova que o papa Pio XII sabia do Holocausto – e nada fez

Crédito: Intercontinentale / AFP

Pio XII, em 1949, quatro anos após o fim da Segunda Guerra Mundial: vaidade e muitos mistérios (Crédito: Intercontinentale / AFP)

Por Antonio Carlos Prado

O papa Pio XII esteve à frente da Igreja Católica entre 1939 e 1958, ano em que morreu. O seu pontificado abrangeu, portanto, toda a Segunda Guerra Mundial, que eclodiu justamente em 1939 e se estendeu até 1945. Pio XII tornou-se um dos pontífices mais controversos da história do Vaticano porque sobre ele sempre pesaram suspeitas de que se calara – e calara a Igreja – diante do Holocausto. Na semana passada, um dos mais conceituados arquivistas da Santa Sé, Giovanni Coco, revelou que uma carta guardada entre documentos secretos do papa e datada de 1942 deixa claro que Pio XII tinha conhecimento de que cerca de seis mil judeus estavam sendo mortos diariamente na fornalha do campo de extermínio nazista da vila de Belzec, na Polônia. Foi Coco quem encontrou o documente que teve Pio XII como destinatário. Ele é chancelado por autoridades católicas da Alemanha que organizaram a resistência ao ditador Adolf Hitler. Os arquivos de Pio XII foram abertos por ordem do papa Francisco. “Pio XII leu a carta”, afirma David Kertzer, professor da Brow University.

PERSONALIDADES
Deputadas trans brasileiras estão na prestigiosa lista de Time

Erika Hilton: “Novo imaginário na representação política” (Crédito:Divulgação)
(Divulgação)

Duas brasileiras estão na conceituada lista de personalidades mundiais mais influentes elaborada pela revista norte-americana Time. O rol da publicação reúne cem pessoas com capacidade e talento para melhorar o planeta e transformar a próxima geração. São elas as deputadas federais Duda Salabert (PDT-MG) e Erika Hilton (PSOL-SP). A revista frisa que as parlamentares, primeiras transexuais eleitas para o Congresso Brasileiro, inspiram outras pessoas a partir de seus ideais em defesa da democracia social, racial e de gênero. Esse é o segundo ano consecutivo que Erika compõe a lista. Diz ela: “Nossa responsabilidade é honrar e integrar esse novo imaginário que traduz a mudança na sociedade e na representação política”. Time explica que, mesmo sofrendo ameaças de morte, ambas “não deixam com que a violência limite suas aspirações políticas”. Sobre Duda, a publicação enfatiza a formação de educadora e a atuação social constante com pessoas em situação de rua. Nas redes sociais, Duda afirmou que gente como ela “acaba sendo alvo de preconceito todos os dias”. Na mesma lista, na categoria “defensores”, outro nome engrandece o País: Txai Suruí, ativista da causa indígena.

Duda Salabert: atuação com pessoas em situação de rua (Crédito:Zeca Ribeiro)
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SOCIEDADE
Deu branco na exposição

Visitantes: o auge da arte abstrata (Crédito:Henning Bagger)

Fato surpreendente ocorreu no universo das artes plásticas na Dinamarca. A Justiça determinou que o pintor Jens Haaning, famoso por suas obras conceituais, ressarça o Museu de Arte Moderna kunsten, na cidade de Aalborg. Motivo: a direção do museu adiantou-lhe 70 mil euros para participar de uma exposição. Ele aceitou o adiantamento e, em troca, enviou telas em branco. Mais: declarou que o nome de suas obras era Pegue o dinheiro e fuja. O diretor do museu, Anderson Lasse, mostra-se indignado e seguirá recorrendo à Justiça contra Haaning, sempre que necessário. Ele é bastante querido junto à população dinamarquesa. No episódio específico, vida e arte imitaram-se, uma à outra, simultaneamente.

Jens Haaning: “provocador” (Crédito:Divulgação)

STF
Por que mulher. Por que preta

Ellen Gracie: primeira ministra do STF (Crédito: Alan Marques)

A sociedade brasileira é feminina: 51% do País são compostos por mulheres. Nada mais óbvio, portanto, se de fato almejamos avançar na democracia, que a ministra e presidente do STF, Rosa Weber, tenha em breve a sua vaga preenchida por outra mulher — o que não falta no Brasil são mulheres com notório saber jurídico e reputação ilibada. A República foi proclamada em 1889 e dois anos depois era instituído o STF. Em seus 132 anos de existência somente uma mulher integrou e duas integram o colegiado. A primeira (pasmemos!) apenas no ano 2000. Foi Ellen Gracie. Em 2006, assumiu Cármen Lúcia. Em 2011, ingressou Rosa Weber. No âmbito da democracia e do Estado de Direito, todos os votos, de todas as três, foram e são irrefutáveis. No mundo, a média de participação feminina em Cortes Supremas é de 26%; no Brasil, cá estamos com 11,1%.Mais de 50% de nossa população é preta. Eis outra imprescindibilidade sob a ótica da democracia: mulher negra.