Cultura

Mostra em Londres celebra divas do cinema, da música e das causas sociais

A exposição DIVA, em exibição no museu Victoria & Albert, na Inglaterra, mostra a evolução da influência feminina por meio da fama — das cantoras de ópera às estrelas das telas e dos palcos

Crédito: Divulgação

Rihanna e seu vestido: a moda como instrumento de impacto cultural (Crédito: Divulgação)

Por Felipe Machado, de Londres

Derivada do italiano, a palavra diva remete a uma divindade feminina. Originária do sânscrito, significa “aquela que brilha, reluz, resplandece”. No século 19, a expressão passou a ser associada a outro termo latino, prima donna, usado para se referir às celebradas sopranos que dominavam os teatros de ópera com seus agudos vocais impressionantes. Belas e inatingíveis, essas mulheres eram consideradas verdadeiras deusas aos olhos do público.

A exposição DIVA, em cartaz no Victoria & Albert Museum, em Londres, celebra a vida e a trajetória de personagens que influenciaram a sociedade e impactaram a cultura mundial no século 20.

A mostra oferece uma jornada deslumbrante pelo universo da moda e do comportamento feminino ao longo da história. Com uma impressionante coleção de figurinos, jóias e acessórios que abrange décadas de tendências e movimentos, além de fotografias, cartazes e objetos pessoais, é uma homenagem à força humana inspiradora que continua a moldar o mundo.

DIVA é enriquecida por seu conteúdo multimídia e pela ambientação cenográfica. Sua iluminação refinada, quase na penumbra, valoriza cada peça por meio de delicados focos de luz.

Com fones de ouvido, o público pode acompanhar a trilha sonora adaptada a cada um dos três segmentos que dividem o local.

O primeiro é dedicado às divas originais, mitos que surgiram quando compositores como Gaetano Donizetti e Gioachino Rossini começaram a escrever papéis específicos para cantoras. A primeira a ser chamada de diva em uma publicação foi Adelina Patti, em 1903. Graças a seu carisma e habilidade vocal, a espanhola arrastava multidões de fãs para as performances. Além de figuras como Maria Callas e Jenny Lind, ganham destaque nomes como a atriz Sarah Bernhardt e as bailarinas Josephine Baker e Isadora Duncan.

(Victoria & Albert Museum)
Traje de Adelina Patti, a primeira mulher a ser chamada de diva, e vestidos da estrela Marilyn Monroe: talentosas e revolucionárias (Crédito:Victoria & Albert Museum)

O segundo andar é dedicado às estrelas do cinema, mitos que, por meio das telas, tornaram-se ícones globais — Elizabeth Taylor, Marilyn Monroe, Mae West, Audrey Hepburn e Ingrid Bergman, entre outras.

Usados em cenas de filmes, festas ou cerimônias de entrega do Oscar, seus figurinos são acompanhados por matérias de jornal e vídeos que levam o espectador em uma viagem no tempo.

Ver de perto o vestido que Bette Davis exibiu em A Malvada, quando interpretou a decadente atriz Margo Channing, é estar diante não apenas de uma simples roupa, mas de um pedaço da história. O modelo foi criado por Edith Head, que venceu oito Oscars de melhor figurino, recorde absoluto da categoria.

A mostra se encerra com as estrelas do presente. Estão lá os trajes de Lady Gaga, Beyoncé, Madonna e Rihanna, entre tantas outras. Nessa seção percebemos que o termo diva, segundo os critérios da curadoria do museu, ultrapassa as questões de gênero: há peças, por exemplo, de Elton John, Prince e Freddie Mercury.

Outras representantes tiveram papel de relevância política e social. Usaram sua fama para promover causas como os direitos civis, a igualdade de gênero e a justiça racial.

Entre elas estão a princesa Diana, que fez campanha contra as minas terrestres, e Brigitte Bardot, na defesa dos animais. Além de belas e famosas, estavam interessadas em usar suas imagens para melhorar o mundo ao seu redor.

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