Divirta-se

A solidão, por Gerald Thomas

No monólogo G.A.L.A., uma mulher vaga num barco à beira do naufrágio, em uma metáfora para o sentimento de isolamento

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G.A.L.A., de Gerald Thomas: ruptura com o ídolo Samuel Beckett (Crédito: Divulgação)

Por Felipe Machado

Um dos mais criativos diretores brasileiros volta aos palcos de São Paulo. Gerald Thomas apresenta a versão definitiva de G.A.L.A., espetáculo encenado pela primeira vez em formato de live em 2021, ainda no auge da pandemia. Embalado por uma trilha sonora eclética, o monólogo intrerpretado pela atriz Fabiana Gugli promove a ruptura de Thomas com sua maior influência, o irlandês Samuel Beckett. “Chega de Beckett”, desabafa a personagem, que vaga em um barco à beira do naufrágio, solitária. É uma referência ao sentimento de abandono enfrentado pela população mundial no período pós-pandemia. “É talvez o trabalho mais difícil de toda a minha carreira. Uma mulher à deriva, fazendo sua travessia particular em uma busca por sentido, com muita contradição, vulnerabilidade e humanidade”, afirma Fabiana. O título, além de ser uma referência à elegância da personagem em uma noite de gala, é inspirada em Gala Dali, musa de Salvador Dali. “Vejo qualquer peça como uma pessoa em uma esteira rolante de um aeroporto sendo bombardeada por uma série de anúncios aleatórios, recebendo informações diferentes e reagindo pela sua empatia ou não a elas”, define Thomas. Suas homenagens vão da Antropofagia à Tropicália, do samba ao rock, da literatura de Rimbaud à de Paulo Coelho. A peça está em cartaz no Sesc Belenzinho até 8 de outubro.

Abriu mão do acervo de 40 anos

(Divulgação)

Considerado o mais internacional dos dramaturgos brasileiros, Gerald Thomas (foto) teve trabalhos encenados em mais de quinze países. Há pouco tempo ganhou as manchetes devido a um problema: precisou abrir mão do acervo de quatro décadas. Jogou o material no lixo, em Nova York, após fracassar na tentativa de negociá-lo no Brasil com instituições culturais. Segundo ele, a coleção descartada incluía maquetes, peças de cenografia e correspondência pessoal.

Para Ler

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No livro de contos Dia da Libertação, o primeiro após o sucesso do premiado romance Lincoln no Limbo, George Saunders
cria sátiras sombrias e reafirma o humor ácido que o tornou conhecido como o mestre do conto contemporâneo.

Para Ver

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O excelente documentário Retratos Fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, é o filme escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar, em 2024. Ele concorreu com outros 28 longas-metragens.

Para ouvir

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Após ser chamada de “rainha do pop” pelo público adolescente em decorrência do sucesso do seu álbum de estreia, Sour, Olivia Rodrigo lança Guts, o aguardado novo disco. Ela aposta em outro estilo: o rock and roll.

MPB

Djavan ao som do bandolim

(Roberto Filho)

O premiado músico carioca guarda com carinho uma memória do cantor e compositor Djavan: a canção “Sina” era o maior sucesso da banda que Hamilton de Holanda (foto) tinha na escola. O bandolinista decidiu celebrar a trajetória do ídolo com Samurai, álbum em que regravou 12 faixas do artista alagoano. Há parcerias de peso: além do próprio homenageado, participam do disco o sambista Zeca Pagodinho, o uruguaio Jorge Drexler e o pianista cubano Gonzalo Rubalcaba. “Acabou virando um disco multicultural”, define o músico.

Cinema

Fortes emoções debaixo d’àgua

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Dizer que o novo filme do diretor alemão Maximilian Erlenwein é um suspense de tirar o fôlego não é apenas modo de dizer. Sem Ar (The Dive) é uma experiência intensa e claustrofóbica sobre um dia na vida de duas irmãs que decidem praticar mergulho em um lugar remoto. Um erro leva uma delas a ficar presa em uma rocha, sem poder se mover. Começa aí uma busca desesperadora por socorro, com todas as emoções que a situação impõe. Excelentes atuações da norte-americana Louisa Krause e da australiana Sophie Lowe.

Exposição

Arte dedicada ao pensador

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Dedicada a esse influente personagem da vida artística brasileira no século 20, a mostra Murilo Mendes, Poeta Crítico: o Infinito Íntimo reúne obras de mais de 50 artistas ligados a ele, tanto por meio da relação pessoal quanto por serem objetos de sua análise. Há quadros de Ismael Nery (acima), Candido Portinari, Giorgio Morandi e Lasar Segall, entre outros. A celebração da trajetória desse colecionador e escritor fica em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) até 28/1.

Streaming

Viagem romântica ao passado

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Adaptação para as telas do best-seller de Carina Rissi, a comédia romântica Perdida traz o casal Sofia (Giovanna Grigio) e Ian Clarke (Bruno Montaleone) em um enredo que combina história de amor e viagem no tempo. Fanática pelos romances da autora britânica Jane Austen, Sofia é transportada de forma mágica para a Europa do século 19 — onde é recebida pela família de Clarke. O longa é dirigido por Katherine Chediak Putnam, Dean W. Law e Luiza Shelling Tubaldini.