Operação prisão

Crédito: Gabriela Biló

A PF já começou a monitorar os movimentos do ex-presidente para eventual ordem de prisão (Crédito: Gabriela Biló)

Por Germano Oliveira

Colaboraram: Marcos Strecker e Samuel Nunes

Uma pergunta que não quer calar: quando Bolsonaro será preso? Até os bolsonaristas comentam sobre essa possibilidade, incluindo o próprio presidente. Na sexta-feira, 18, em Goiânia, o capitão afirmou: “Sei dos riscos que corro em solo brasileiro”, insinuando que pode ser preso a qualquer momento. A questão, porém, é técnica. Se ele ameaçar fugir ou se a PF identificar um plano nesse sentido, aí sim ele será preso. A lei prevê que o investigado só pode ser encarcerado se tentar fuga, se ameaçar testemunhas, destruir provas ou não tiver residência fixa. Por ora, ele não se enquadra em nenhuma dessas condições. Afinal, ele nem foi denunciado ainda pelo MPF e estamos longe de uma condenação pelo ministro Alexandre, já que o processo de investigação ainda não está concluso.

Provas

Mas o capitão poderá ter a prisão decretada se alguma das normas acima for desrespeitada ou se a PF descobrir provas irrefutáveis de crime grave, como um documento indefensável, que provoque indignação nacional, como, por exemplo, a descoberta de uma conta milionária no exterior onde ele esconda dinheiro desviado dos cofres públicos.

Cerco

Enquanto isso, a PF desenvolve operação para monitoramento de Bolsonaro, preparando eventual necessidade de prisão. Policiais já vigiam sua casa na Vivenda da Barra (RJ) e no condomínio Solar de Brasília, a 10 km do centro da capital federal. Para evitar a fuga, adversários pedem a apreensão do seu passaporte, como é o caso de Simone Tebet.

Apoio a ditadores

(Anadolu Agency)

Já foi o tempo em que atletas e dirigentes do futebol brasileiro se posicionavam contra ditaduras. Foi assim com João Saldanha, Dadá Maravilha, Tostão e Afonsinho nos anos 70. Hoje, jogadores como Neymar, que já apoiaram Bolsonaro, agora se mudam para jogar na Arábia Saudita, país governado pelo príncipe Mohammad Bin Salman, o ditador que estrangulou e esquartejou o jornalista Jamal Khashoggi, em 2018.

Rápidas

* O Mercosul pode acabar caso a Argentina eleja, no dia 22 de outubro, Javier Milei, candidato a presidente pela extrema-direita, que largou em vantagem nas prévias. Ele fala em sair do Mercosul, a mesma ameaça feita pelo novo presidente do Uruguai, Lacalle Pou.

* Após ser escolhida para sediar a COP-30, Belém receberá, de 30 de agosto a 1º de setembro, a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, com a presença do ex-
primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair.

* Os principais ministros estão desrespeitando norma interna do PT que exige que todos os funcionários em órgãos públicos sejam obrigados a pagar “dízimo” para sustentar o partido. Entre os caloteiros estão Haddad e Rui Costa.

* O ministro Alexandre de Moraes (STF) prorrogou por mais 60 dias o inquérito aberto para investigar práticas abusivas do Google e do Telegram, que realizaram intensa campanha nas redes contra o PL das Fake News.

Retrato falado

Ciro Nogueira: “Enquanto eu for presidente do PP, o partido jamais irá compor a base de Lula” (Crédito:Edilson Rodrigues)

A ampliação do arco de alianças de Lula emperrou. O presidente conta com o ingresso na base aliada do PP e do Republicanos, mas o acordo está parado. O governo promete ministérios a André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), embora Lula não defina as pastas. O presidente do PP, Ciro Nogueira, não aceita que o partido apoie o governo oficialmente. Quanto ao Republicanos, o presidente Marcos Pereira afirma que Costa Filho terá que se licenciar do partido.

Toma lá dá cá

Entrevista com Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso

Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso (Crédito:Divulgação)

O senhor está entre os que defendem a manutenção de Augusto Aras na PGR?
Eu não! Não me jogue no meio disso (risos).

Então, quem o senhor defende para a vaga?
A escolha do PGR, seja qual for, é do presidente e ele a fará no momento adequado. Tem ainda um período para a posse do novo procurador-geral, que é em setembro. Até lá, o presidente avaliará os cenários e fará a escolha.

Há pressão para a escolha de uma mulher ou de uma pessoa negra para a vaga da ministra Rosa Weber?
Eu defendo a indicação de um ministro coerente com o programa que o presidente Lula defende. Tem que ser um ministro com agenda progressista, pauta progressista, porque este é um governo progressista, independente de quem seja.

Delírio extremista

Bolsonaristas de todo o País estão fazendo intensa mobilização nas redes sociais convocando “os patriotas” para atos de protesto neste 7 de Setembro contra a “ameaça comunista”, que, supostamente, estaria infiltrada no governo Lula. Nos diversos vídeos que circulam na Internet, com ataques a Lula e ao STF por causa das prisões no 8 de Janeiro, o movimento conclama as pessoas a irem às ruas e praças neste Dia da Independência para reverterem o quadro que pretende “salvar o futuro dos nossos filhos”, como diz o pastor Cláudio Duarte, do Rio. Ele afirma que Lula vai perseguir e fechar as portas das igrejas.“Estou pronto para ser preso”, desafia o pastor.

Ataque à Justiça

As mensagens garantem que o movimento “será gigantesco” e que as pessoas devem virar as costas para os militares no momento dos desfiles, por não terem evitado a posse de Lula. Alexandre de Moraes é um dos mais atacados. O pastor Ricardo Gomes diz que a população precisa “resistir” aos abusos de poder do Judiciário.

Cartas na mesa

A filiação de Arthur Lima, secretário da Casa Civil do Estado de São Paulo, ao PP, na quinta-feira, 17, abriu a temporada de definições partidárias no entorno do governador Tarcísio de Freitas. No evento de inauguração da nova sede do PP em São Paulo, o presidente da legenda, Ciro Nogueira, esperava filiar também o próprio governador, mas ele esquivou-se.

(Divulgação)

De mudança

Tarcísio mantém-se no Republicanos, mas pode deixar a sigla caso ela decida se aliar a Lula, como desejam parlamentares. A opção seria o PL de Bolsonaro ou o PSD de Gilberto Kassab, seu secretário de governo. Mas ao definir o ingresso no PSD, o governador paulista pode se meter numa encrenca: tanto Arthur Lima quanto Kassab querem sucedê-lo.

A dama do golpe

(Zanone Fraissat)

Depois de ter se tornado ré no STF sob acusação dos crimes de porte ilegal de arma de fogo ao perseguir um homem com uma pistola na mão um dia antes das eleições, a deputada Carla Zambelli é suspeita também de contratar o hacker Walter Delgatti para invadir urnas eletrônicas a pedido de Bolsonaro. Por contribuir para a tentativa do golpe, ela pode ser cassada.