A Semana

O abate! (Ou o suposto acidente que matou o mercenário que desafiou Putin)

Crédito: Handout / TELEGRAM/ @grey_zone / AFP

Explosão e fogo: difícil identificação sem teste de DNA (Crédito: Handout / TELEGRAM/ @grey_zone / AFP)

Por Antonio Carlos Prado

Para todos os acontecimentos que envolvam o autoritário presidente da Rússia, Vladimir Putin, aconselha-se ter em mente a expressão suposto. É o preço que a história cobra dos líderes obscurantistas que se deliciam com guerras e tramam com sinistro cinismo o assassinato de adversários. Explica-se, assim, porque as notícias sobre o acidente aéreo que na quarta-feira 23 matou Yevgeny Prigozhin, líder do grupo mercenário autodenominado Wagner, tenham tratado o desastre com boa dose de ceticismo — as agências em todo o mundo tateavam em meio à conhecida parcialidade da fonte russa de informação e lançavam mão do sempre salvador suposto.

O governo Putin dizia que o avião particular de Prigozhin (modelo Legacy 600, da Embraer) caíra e todos os sete passageiros e três tripulantes haviam morrido — carbonizados devido à explosão, faziam-se necessários exames de DNA para certeira identificação.

Putin enfatizava que o chefe do Wagner morrera. Tirante o presidente russo, só se falava em suposta explosão ocorrida por ruim destino — bem entendido, a dúvida era e seguiu sendo na quinta-feira sobre a real ocorrência de uma explosão não preparada.

Para autoridades ucranianas, o que houve foi atentado. Irônico, o presidente dos EUA, Joe Biden, declarou que não tinha dúvidas de que algum dia o avião do mercenário cairia.

Prigozhin e Putin foram amigos e aliados no comando de suas tropas em ocupações de territórios do Leste Europeu. Isso durou até junho, quando Prigozhin, 62 anos, se sublevou. Entrou na Rússia, surpreendeu o mundo e apavorou Putin.

Mas houve recuo e o líder russo encenou amabilidades: comprometeu-se em não incomodar o ex-aliado se ele fosse para a Bielorússia e convidou a tropa a se incorporar ao exército regular. Mas é claro, fazer o quê?

Aviões se acidentam, e a aeronave de Prigozhin supostamente acidentou-se em vôo a São Petersburgo. Após junho ele esteve sumido e reapareceu há pouco, quiçá, na África.

Em 2019, Prigozhin também desaparecera, fora dado como morto em acidente de avião — de repente, não mais que de repente, reviveu. Dessa vez parece não haver dúvidas de que morreu. Ele ficou milionário no ramo de alimentação. Antes explorou a prostituição e foi presidiário. O que restava saber, ainda na quinta-feira, é se o seu avião explodiu ou foi explodido — se caiu ou, digamos, foi caído.

O presidente Putin: obscurantismo (Crédito:Mikhail Klimentyev)
Prigozhin em sua última foto: na África? (Crédito:Divulgação)

EUA

A poderosa Mini-Otan de Joe Biden

O recado tinha dois destinatários: Coreia do Norte e China. Diante da crescente influência e projetos expansionistas desses países, a resposta foi a reunião denominada Mini-Otan e promovida em Camp David pelo presidente dos EUA, Joe Biden. Seus convidados: os líderes da Coreia do Sul e do Japão, Yoon Suk Yeol e Fumio Kishida, respectivamente.

Biden conseguiu fazê-los superar, pragmaticamente, as adversidades que há tempo lhes impedia a união, e assim firmou-se um acordo trilateral contra qualquer “ameaça, perigo ou ato concreto” advindos do governo chinês ou norte-coreano.

Se um dos signatários tiver sua nação ameaçada ou atacada, é como se os outros dois também as tivessem. E o trio responde belicamente em conjunto.

De fato, Mini-Otan é a designação mais apropriada, numa referência à ampla Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Em jogo também estão as explorações das profundezas do mar próximo ao sul da China onde é estimada alta potencialidade de existência de petróleo.

O presidente norte-americano, Joe Biden, entre o líder da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, e do Japão, Fumio Kishida: reunião inédita (Crédito:Chip Somodevilla)

Polícia

Apreendidos HD e celular de Jair Renan Bolsonaro

Em operação contra uma organização criminosa que seria responsável por estelionatos e lavagem de dinheiro, entre outros crimes, a Polícia Civil do Distrito Federal cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão na quinta-feira 24. Foram alvos da ação as casas de Jair Renan Bolsonaro, filho do ex-presidente, em Brasília e no Balneário Camboriú – apreenderam-se celular e HD. O mais visado pela polícia foi Maciel Carvalho, suposto mentor da organização e ex-instrutor de tiro de Jair Renan.

Jair Renan: tranquilo até quando? (Crédito:Ueslei Marcelino)