Estudo identifica táticas de posts que viralizam
Cientista da USP analisa os vídeos que mais bombaram na Internet nos últimos cinco anos, traça as estratégias para as publicações alcançarem o sucesso e dá dicas para um post viralizar
Por Alan Rodrigues
Dez em cada dez usuários das redes sociais que buscam visibilidade midiática trabalham para tentar fazer um vídeo bombar. Tarefa nada fácil, já que no Brasil a concorrência é enorme. Estima-se que existam no País 200 mil criadores de conteúdo para um público consumidor de 142 milhões de pessoas, contingente que trouxe igualmente a vantagem para análise das práticas com maior chance de sucesso online.
O Brasil também é fértil em tempo de navegação, com média de conexão de 3 horas e 46 minutos por dia em redes sociais. Na busca pelo triunfo, Facebook, Instagram, TikTok e YouTube disputam entre si qual é a melhor e mais eficiente plataforma de vídeos.
Por ora, quem manda é o YouTube, com mais de 2,51 bilhões de usuários ativos e mais de 1 bilhão de horas de vídeos visualizados diariamente. Ele é o segundo site mais visitado no Brasil, ficando atrás apenas do Google, que é o proprietário da plataforma.
Pensando nas interações que mais impactam os usuários do YouTube, Brayan Garzón, aluno de pós-graduação da USP, buscou o “pulo do gato” entre as 75 mil produções mais bem-sucedidas da plataforma.
O estudo não tem a pretensão de ser um guia definitivo, mas aponta caminhos com melhor chance de fazer vídeos virais.
“Quando sai um vídeo novo no YouTube, há métricas como quantidade de comentários, likes, e o impacto que esse gera na plataforma”, segundo Garzón. “Esses números são mais que indicativos de sucesso”, diz ele.
O pesquisador identificou quais as características mais comuns entre os vídeos que viralizaram, utilizando uma técnica de estatística chamada ‘Análise de Sobrevivência Aplicada’ para indicar quais os mais propensos a alcançarem audiências gigantescas.
“Foi feita uma avaliação que considera características específicas do vídeo, como número de likes, de compartilhamentos e a minutagem, para depois descrever como resultado uma probabilidade associada a vir ou não a se tornar tendência”, explicou Garzón.
Para fisgar o espectador, o estudioso apurou que a criação de títulos atraentes e descrições impactantes dos vídeos são fundamentais.
Mais que isso, a “manchete” do vídeo deve ter no máximo três segundos de leitura. Como os usuários de redes sociais zapeiam com muita rapidez as páginas, é importante atentar ao tempo dos conteúdos — em 2023 a tendência é de vídeos curtíssimos, apesar de as produções longas terem seu público.
“Minha maior surpresa na pesquisa foi identificar um vídeo sobre o Enem, com 50 minutos, estar entre os trending topics”, conta o cientista.
O estudo chegou a algumas conclusões interessantes: postagens feitas às quintas e sextas-feiras, por exemplo, tendem a aparecer mais.
O sucesso de um vídeo no YouTube dura, em média, seis dias. Os conteúdos relacionados ao entretenimento, como música e jogos, são os que mais bombam.
O cientista britânico Kevin Ashton, do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), diz que, em breve, a maior parte do conteúdo viral que veremos no YouTube será de popularidade vazia.
Ele entende que virais raramente acontecem por acaso. “Geralmente, há um bom planejamento por trás. Não basta o vídeo ser bom. Ele tem de estar atrelado a uma estratégia de marketing boa, do contrário pode passar despercebido na imensidão de conteúdo disponível no YouTube hoje”, explica Ashton.