Las Vegas: palco da nova arena é o próprio show

Por Felipe Machado

Os luminosos neons de Las Vegas fazem do oásis encravado nas montanhas do oeste norte-americano a joia mais brilhante do mundo dos espetáculos. Erguida em 1911 sob o espírito do entretenimento, a cidade atrai multidões de todas as partes com seus refletores cintilantes, cassinos grandiosos e shows deslumbrantes. A partir de 29 de setembro, uma luz ainda mais brilhante será inaugurada: o incrível MSG Sphere, arena do Hotel Venetian.

Projetada pelo escritório Populous Architecture, a impressionante construção promete revolucionar o showbusiness e promover uma experiência totalmente inédita na forma de o público vivenciar espetáculos de música ao vivo.

A inauguração da MSG Sphere — a sigla é uma referência ao Madison Square Garden, tradicional ginásio em Nova York e sócio do empreendimento — vem acompanhada por números impressionantes:
* a construção durou cinco anos,
* o custo da estrutura ultrapassou US$ 2,3 bilhões,
* a área externa, formada por paredes esféricas, traz como revestimento o maior telão de LED do mundo: tem mais de 50 mil metros quadrados,
* o telão exibe imagens com resolução 100 vezes maior que uma TV de alta definição.

Na parte interna, o local acomodará um público de vinte mil pessoas sob outro enorme telão imersivo, com área de 15 mil metros quadrados. E quem mais poderia inaugurar esse palco senão a banda U2?

Os irlandeses anunciaram uma temporada de mais de vinte e cinco concertos. A escolha de Bono, The Edge, Adam Clayton e Bram van den Berg — o baterista holandês da banda Krezip vai substituir Larry Mullen Jr., afastado temporatiamente por problemas de saúde — para a inauguração não poderia ser mais adequada.

O grupo é conhecido não apenas por seus sucessos, mas por sua constante busca pela inovação. Ao longo da carreira, promoveram turnês mundiais em palcos originais e desafiadores. A temporada em Las Vegas vai celebrar as três décadas do álbum Achtung Baby, gravado em Berlim, em 1993.

“A beleza do MSG Sphere não é apenas a tecnologia inovadora e o sistema de áudio mais avançado do mundo. É também a possibilidade de vivenciar paisagens reais e imaginárias por meio da experiência imersiva”, afirmou o guitarrista The Edge.

Com tantas inovações visuais, aguardava-se com expectativa os detalhes sobre o sistema de áudio. O projeto é igualmente disruptivo: em parceria com a empresa 3D Holoplot, foi criado o Sphere Immersive Sound, sistema com 1500 módulos de alto-falantes, além de 170 mil caixas de som.

O mais impressionante, porém, é que as 180 toneladas de equipamento ficarão atrás das telas de LED, totalmente escondidas do público.

“A maioria dos locais de shows foi criada originalmente para eventos esportivos, não para apresentações musicais. Não foram construídas para a arte”, disse Bono, em entrevista ao podcast da Apple Music. “Esse edifício foi construído para performances e cinema.”

A ligação entre atração e público

Um dos aspectos mais interessantes sobre o MSG Sphere é sua capacidade de redefinir a interação entre quem está no palco e quem está na plateia.

Tradicionalmente, os shows ao vivo têm sido uma experiência de mão única, onde os músicos se apresentam para o público.

A nova arena quebra esse paradigma ao permitir que os artistas interajam diretamente com o ambiente visual em constante mudança ao seu redor.

Isso cria um diálogo criativo entre a música e a tecnologia, onde a performance se transforma em uma colaboração fluida, proporcionando conexão mais íntima e pessoal entre os ídolos e seus fãs.

A influência dessa novidade deve impactar toda a indústria musical, inspirando grandes nomes a explorar novas fronteiras e abraçar formas novas de tecnologia.

Com o MSG Sphere temos a impressão de que o mundo do entretenimento reinventou a roda — ou a esfera, no caso.