O mistério da surdez de Beethoven
Crânio que supostamente é do genial compositor alemão será examinado em Viena para determinar as causas da perda progressiva da audição durante sua vida
Por Carlos Eduardo Fraga
Fragmentos do crânio que supostamente pertencem ao famoso compositor alemão Ludwig Van Beethoven foram enviados para a Universidade Médica de Viena, Áustria, onde serão armazenados no museu da instituição. A intenção é realizar estudos que possam explicar as verdadeiras origens da doença que afligiu Beethoven ao longo de sua vida. Mesmo quase dois séculos após sua morte, as causas de sua doença ainda são um mistério e motivo de debates na comunidade científica.
Os fragmentos de crânio estavam com o empresário americano Paul Kaufmann, que os descobriu em 1990, dentro de um cofre de banco na França, após a morte de sua mãe. Mais tarde, foi revelado que os ossos, encontrados em uma lata com a palavra “Beethoven” escrita de forma discreta, eram provenientes da propriedade do tio-avô de sua mãe, Franz Romeu Seligmann. Médico, historiador de medicina e antropólogo em Viena, Seligmann adquiriu as partes do crânio em 1863, durante uma exumação do músico para fins de estudos.
Beethoven, que morreu em 1827 aos 56 anos, sofreu ao longo de sua vida com a perda progressiva da audição, além de doenças hepáticas e problemas gastrointestinais. Em 1802, mais de duas décadas antes morrer, o compositor escreveu uma carta a seus irmãos que ficou conhecida como o Testamento de Heiligenstadt, pedindo que seu médico, Johann Adam Schmidt, divulgasse a origem de sua “doença” ao público após sua morte, mas isso não foi feito.
Em março deste ano, foi publicado na revista Current Biology um estudo que analisou o DNA de Beethoven a partir de mechas de seu cabelo. Essas amostras foram cortadas por amigos e visitantes antes e após sua morte e estavam bem preservadas.
As análises das supostas amostras de ossos de Beethoven já começaram, mas a conclusão definitiva, com o cruzamento com as amostras de cabelo, levará vários meses.
Em 2005, nos Estados Unidos, os fragmentos de ossos já haviam sido analisados e levantou-se a possibilidade de envenenamento por chumbo devido a tratamentos médicos, hipótese que divide os especialistas.
O patologista forense Christian Reiter afirmou em comunicado à imprensa que, com mais investigações, especialmente com base no DNA, é possível conseguir em pouco tempo a resposta definitiva sobre a autenticidade dos fragmentos de Beethoven.
* Estagiário sob supervisão de Thales de Menezes