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Conheça as ‘salas de raiva’, terapia radical para extravasar a fúria

Método busca reduzir o estresse por meio de ambientes onde é permitido quebrar objetos para aliviar os problemas do dia a dia

Crédito: João Castellano

Edu Feltrin, o cliente que recomenda a experiência: “Coloco tudo para fora” (Crédito: João Castellano)

Por Mirela Luiz

Já teve vontade de destruir alguma coisa após um ataque de raiva? Pois essa sensação é mais comum do que parece. A ideia é tão habitual que passou a ser levada a sério por psicólogos e terapeutas. Baseado nesse conceito foram criadas as “salas de raiva”, locais onde a agressividade contra objetos inanimados ajuda a canalizar a fúria em um ambiente controlado. O método virou tendência mundo afora. A ideia é proporcionar alívio momentâneo para quem está sobrecarregado com o estresse do dia a dia. Segundo especialistas, a prática pode ajudar a liberar a tensão acumulada, proporcionando uma sensação de conforto e bem-estar.

“Criar espaços como essas salas, onde é possível extravasar e fazer uma descompressão, pode ser benéfico, sim”, afirma a psicóloga Rosângela Casseano. Para muitos clientes, a experiência é terapêutica. “É como se eu estivesse colocando tudo para fora. A primeira vez que estive aqui quebrei uma impressora igual a minha, que me incomodava porque vivia quebrando. É uma sensação muito boa”, garante o produtor de conteúdo Edu Feltrin após uma sessão na Rage Room CT, no Tatuapé, na capital paulista. Foi sua segunda visita ao local.

É importante ressaltar que essas salas não são apenas um espaço para a destruição desenfreada. Os empreendedores Vanderlei e Vitor Rodrigues Alves, responsáveis pelo estabelecimento, garantem que há regras e medidas de segurança para evitar acidentes.

Os clientes são orientados a utilizar equipamentos de proteção, como capacetes e luvas, e são supervisionados durante toda a duração do quebra-quebra.

“Damos uma orientação antes de entrar e fornecemos equipamentos de segurança”, explica Vanderlei que fundou a empresa em 2020, em plena pandemia, e hoje atende em média 250 pessoas por mês.

O empreendimento também tem um caráter sustentável: os objetos destruídos são recolhidos e encaminhados para reciclagem, evitando seu descarte inadequado no meio ambiente.

“Compro o material de catadores e a sucata do ferro-velho. Aqui não tem desperdício”, conta Vanderlei. Para extravasar o estresse, é preciso fazer reserva antecipada e desembolsar em média R$ 70.

A psicóloga faz um alerta aos possíveis efeitos negativos da prática. Segundo ela, a destruição de artefatos pode ser apenas uma forma temporária de alívio.

“Não adianta só quebrar coisas sem uma ressignificação do ato, pois isso poderá se tornar apenas uma medida paliativa.”
Psicóloga Rosângela Casseano

Apesar de ser uma prática nova no Brasil, as salas da raiva são populares em países como EUA, Japão e Coreia do Sul — o que reafirma que a busca pela redução do estresse é um desejo cada vez mais globalizado.