A Semana

Restauração, torre e bala de canhão

Crédito: Custodio Coimbra/Agência O Globo

Claudio Castro: reforma sob sua responsabilidade (Crédito: Custodio Coimbra/Agência O Globo)

Por Antonio Carlos Prado

Foi reaberto um dos principais pontos históricos do Brasil, e relíquia da cidade do Rio de Janeiro, após quatro anos de restauro: a Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores. Desde o século XIX, o seu número, 35, na Rua do Ouvidor, inseriu-se na crônica política do País. A reforma recente deu-se sob cuidados de Claudio André de Castro, comissário indicado pela Arquidiocese. Quanto à política, foi na Revolta da Armada em 1893, no governo de Floriano Peixoto, que uma bala de canhão destruiu uma das torres sineiras da igreja – a bala segue no lugar em que parou há 130 anos. E até hoje é considerado milagre, pelos devotos, o fato de a imagem de Nossa Senhora da Fé ter despencado do alto dessa torre e continuar inteira.

A guerra na música

(Divulgação)

O episódio da Revolta da Armada imortalizou a igreja também na música popular brasileira, em composição de Jorge de Castro e Wilson Batista (foto): “Falta uma torre na igreja/ vou lhe contar, meu irmão/ foi na briga de Floriano/ foi um tiro de canhão/ e nesse dia a Lapa vadia/ teve sua glória/ deixou nome na história”

História

Missivas permissivas

Dom Pedro I e sua amante, Domitila de Castro: cartas reveladoras na Biblioteca Nacional (Crédito:Divulgação)

Escritor, historiador, arquiteto e urbanista. Membro do Instituto Histórico de Petrópolis e Instituo Histórico e Geográfico de Campo dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Essas são algumas das credenciais do paulista Paulo Rezzutti que o fazem ser considerado internacionalmente um dos mais proficientes pesquisadores do período imperial no Brasil. Incansável estudioso da vida de dom Pedro I, ele já reunira em livro parte da correspondência trocada entre o imperador e sua amante, Domitila de Castro – ostentava o título nobiliárquico de Marquesa de Santos. A obra chama Titília e Demonão, apelidos que um deu ao outro. Escreveu também Domitila: a História não Contada, e é esse o livro que retorna agora às livrarias, acrescido de um curioso ponto: Pedro I teria o costume, em suas missivas a Domitila, de desenhar o “sistema genital masculino” (terminologia médica) e, sobre ele, colar no papel alguns fios curtos de seu cabelo — vá saber, há historiadores que dizem que não eram do cabelo. Rezzutti encontrou arquivado na Biblioteca Nacional uma carta com tais fios. Nasceu dessa forma o novo livro que acaba de ser lançado — o título é o mesmo, mas pode-se dizer que a documentação é sobejamente mais reveladora da personalidade de Pedro.

EUA

E surge Tim Scott entre os conservadores

Scott: único senador negro a integrar o Partido Republicano (Crédito:Scott Morgan)

Há um nome que cresce no interior do Partido Republicano dos EUA para ser o indicado da legenda às eleições à Casa Branca no próximo ano. Trata-se de Tim Scott, senador pela Carolina do Sul. Ele vem incomodando Donald Trump e Ron DeSantis que jamais imaginaram que um terceiro pré-candidato desembarcaria com força competitiva na campanha. O ex-presidente Trump segue sendo o favorito em todos os levantamentos, mas pesquisa da Fox Business, canal conservador que cuida de assuntos econômicos, apontou que, para as primárias em Iowa (marcadas para 15 de janeiro), o senador negro Scott está tecnicamente empatado em segundo lugar com DeSantis (11%). Mais: é ele quem possui o menor índice de rejeição se cotejado com seus dois adversários diretos: 12%. Nesse cenário, Trump e o governador da Flórida preocupam-se não somente com o despontar de um terceiro nome bastante competitivo, mas, também, com outro ponto de suma importância: fortíssimos doadores ao Partido Republicano já andam apostando alto em Scott. É o caso do bilionário empresário Ronald Lauder. Tanto ele quanto demais apoiadores dão sinais de que começam a se cansar de DeSantis pelo fato de ele não decolar dentro da legenda — e não disfarçam certa decepção com o comportamento radical de Trump que o levou a se tornar réu em processo criminal. Com 57 anos de idade, Scott é o único senador negro filiado ao Partido Republicano. É, ainda, o primeiro senador negro eleito no sul dos EUA desde a época da Guerra Civil no século XIX.

DeSantis: difícil decolagem para as eleições primárias (Crédito:Cheney Orr / AFP)