Coluna

Saudades da Dani; a Bananinha

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Ricardo Kertzman: "Algo me diz – não sei por que – que nossos valorosos senadores também aprovarão a estrovenga opressora" (Crédito: Divulgação)

Por Ricardo Kertzman

Dani Cunha, deputada federal pelo União Brasil do Rio de Janeiro, filha do ex-deputado cassado Eduardo Cunha, há até bem pouco tempo um presidiário por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, não quer saber de ser criticada justamente por ser filha de um criminoso condenado pela Justiça. Mais. Tampouco quer ver o papis criticado por ter roubado o País.

A valente é autora de um projeto de lei, já aprovado na Câmara dos Deputados, que pretende criminalizar quem discrimina políticos e seus parentes. Não satisfeita, quer que nossos honrados representantes mantenham tal condição – imunidade à críticas – como se já não bastasse a famigerada imunidade parlamentar, espécie de salvo conduto para delinquir, por até cinco anos após o exercício do mandato.

Sim, é isso mesmo. Imagine que um eleitor, digamos irritado, encontre aquele que recebeu seu voto 4 anos, 11 meses e 29 dias antes, tomando sol em uma linda praia do nordeste brasileiro, sorvendo goles de água de coco geladinha, tudo custeado (passagem, hospedagem, bebidas, alimentos) por rachadinhas – alô, Jair Bolsonaro, tudo bem? – e mensalões – alô, Lula da Silva, tudo bem? –, frutos daquele suado dinheirinho que nos é tungado sob a forma de impostos acachapantes.

Imaginou? Pois bem. O eleitor enganado, para não dizer roubado, não poderá se aproximar do bilontra e disparar, de forma calma e sem excessos: “Bonito, hein, senhor político? Roubou, roubou e agora tá aqui, às minhas custas, curtindo uma prainha, enchendo o pandu de camarão frito”. Se tamanho atrevimento o acometer, cana! Xadrez! Tranca! Afinal, onde já se viu um eleitor (barra contribuinte) desafiar a ex-otoridade?

Dani Cunha, abraços para seu ilibado pai, brasileiro honrado, honesto, exemplo de homem público (tá bom assim ou a senhora quer mais elogios?)

A lei seguiu para o Senado e, de lá, se aprovada, seguirá para sanção ou veto presidencial. Algo me diz – não sei por que – que nossos valorosos senadores também aprovarão a estrovenga opressora. Igualmente, dou como certa a sanção pela “alma mais honesta deff paíff”. Assim, noves fora nada, em breve tornar-se-a – alô, Michel Temer, tem de manter isso aí, hein! – crime chamar boi de boi e porco de porco.

Vou aproveitar o prestígio de ISTOÉ e seu tremendo poder de alcance, para proferir um comunicado público: Dona Dani Cunha, como faço para lhe enviar meu endereço e meu CPF? Pois faço absoluta questão de ser o réu número 1 dessa sua maravilhosa lei. Em tempo: abraços para seu ilibado pai, brasileiro honrado, honesto, belíssimo exemplo de homem público (tá bom assim ou a senhora prefere
que eu capriche mais nos elogios?).