Caminhos paralelos

Crédito: Wallace Martins

Jaques Wagner: preferência pelo Senado em detrimento da articulação (Crédito: Wallace Martins)

Lula da Silva está cada dia mais nervoso com o ministro Alexandre Padilha na articulação com o Congresso — já citamos que essa conta é do próprio Lula, que se fez refém de Arthur Lira. Articula-se no Palácio a promoção de Jaques Wagner para o cargo, pelo bom trânsito suprapartidário. Mas Wagner só quer o Senado e ser o consigliere do Barba.

Saúde do Governo na UTI

O todo-poderoso Arthur Lira, cuja versão turbinada foi criada pelo presidente Lula da Silva, agora cobra o Ministério da Saúde para a frente particular (quase 200 deputados) que o presidente da Câmara criou com o objetivo de negociar com o Palácio do Planalto. Lira insiste no nome da médica Ludhmilla Hajjar como ministra — a que cantou ao violão “presidenta I love you” no hospital para Dilma Rousseff. Ludhmilla tem resistência do grupo do ministro Alexandre Padilha. A vaga é para o União Brasil, ainda insatisfeito com sua posição na Esplanada, e que condiciona a Saúde, o orçamento mais bilionário do inquilinato local, para apoiar 100% das pautas do Governo no Congresso. Ciente da demanda, a cúpula do PSD, partido que formou a aliança eleitoral com o PT, correu ao Palácio e avisou que, se o gigantesco ministério for ocupado por um representante do União – legenda que formalmente apoiou a reeleição de Jair Bolsonaro — isso pode comprometer a fidelidade do partido dirigido por Gilberto Kassab.

Representante de “consórcio” de quase 200 deputados, presidente da Câmara cobra o ministério, mas PSD avisa que isso pode comprometer seu apoio

Refúgio a 53 mil venezuelanos

Especula-se que são mais de 300 mil os venezuelanos que atravessaram a fronteira nos últimos cinco anos rumo ao Brasil. A Coluna apurou com o Ministério da Defesa e a Casa Civil que os números oficiais são 108.950 de assistidos pela Operação Acolhida, do Governo, entre 2018 a 2022. Eles representaram, nesse período, 51% dos refugiados de diferentes nações – porém apenas 53.422 venezuelanos foram reconhecidos como tal, em sua maioria mulheres de 18 a 29 anos. Do total de acolhidos, 105.053 foram “interiorizados” de 2018 até maio desse ano – ou seja, encaminhados de ônibus ou aviões da FAB para cidades que abriram abrigos e empregos.

Meta: R$ 26 bi em crédito de carbono

(Pedro Ladeira)

O Governo pretende aprovar no Congresso, antes da COP 28 de novembro, em Dubai, a lei que definirá regras de comercialização para o mercado de carbono. Pela proposta em estudo, serão criados o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões e a Comissão Interministerial de Mudanças Climáticas, que vão definir metodologias para o relato, monitoramento e a verificação. O modelo proposto pelo secretário de Economia Verde e Descarbonização, Rodrigo Rolemberg, prevê a medição de emissão por fonte de CO2. Ou seja, por caldeira ou forno das fábricas. O Brasil pode gerar R$ 26 bilhões/ano em créditos de carbono.

A clara chantagem do União Brasil

(Mateus Bonomi)

Cada Medida Provisória enviada pelo Palácio ao Congresso Nacional deve ser analisada por uma comissão de deputados e senadores antes de ser votada. Das sete MPs editadas pelo Governo no dia 2 de janeiro – as prioritárias para o então empossado presidente Lula da Silva – apenas duas foram votadas. Para as demais, o União Brasil, do deputado Luciano Bivar, não indicou seus membros para a comissão e usa essa prerrogativa como moeda para conseguir mais um ministério. O partido já ocupa os ministérios do Turismo e Comunicações, e quer o da Saúde. A conta cai todo dia para os ministros Alexandre Padilha e Rui Costa.

Pendenga pelo marketing do BB

Fogo amigo silencioso no Palácio do Planalto. Ministro da Secom, Paulo Pimenta pediu ao presidente Lula da Silva a indicação para diretoria de Marketing do Banco do Brasil. Janja Silva chiou e Rui Costa bloqueou. Numa das reuniões, a presidente do banco assistiu calada à toda a pendenga.

Os votos da CNA e CNC

A aprovação da Reforma Tributária depende de acordo para convencer bancadas do agronegócio e do comércio a votarem a favor. Parlamentares ligados aos dois setores, pressionados pela CNA e CNC – as duas maiores instituições dos segmentos – alegam que o novo arcabouço fiscal aumenta a carga tributária de agricultores e comerciantes.

O dinheiro voltou

Uma pequena amostra de como as relações bilaterais do Brasil com diversos países voltaram fortes. Não havia mais vagas em hotéis de categoria 4 e 5 estrelas em Brasília, na semana de 12 a 16 de junho. Foram registradas delegações de seis governos estrangeiros. O setor de eventos também retomou seu lugar no mercado na capital.

Nos bastidores

Uns R$ 5 bilhões
Sicupira, Telles e Lemann estão vendendo imóveis da São Carlos Empreendimentos a fim de capitalizar para o caixa das Americanas. São 14 torres de salas no Rio e 11 em SP.

Onde estão vocês?
O Governo do Brasil não sabe quantos são os donos e onde estão as terras compradas por estrangeiros no País. Há três meses o INCRA não responde requerimento do deputado Paulo Fernando (Rep-DF).

Além do alambrado
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) vai estender ao clube de futebol (associação ou SAF) a punição prevista no projeto do colega Alceu Moreira (MDB-RS), que inclui no Código Penal o crime de racismo praticado por torcedores em estádios.

A sucessão do Zé

Após 20 anos à frente  da Seleção Feminina de Vôlei, o técnico José Roberto treina a ex-jogadora Sheilla Castro para a sua sucessão. Ela já compõe o staff mas a CBV ainda vai oficializar.