O fim do mundo começa em casa

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Mentor Neto: "Não é preciso ser um viajante do tempo, nem um especialista em futurologia para entender o que nos espera" (Crédito: Divulgação)

Gostaria de saber onde e quando você está lendo esse texto.

Imagino algumas opções.

Em junho de 2023, no transporte público. Quem sabe na sua casa, numa rede, depois de um churrasquinho de final de semana. Ou, talvez, em 2030, num bunker, porque você é um dos sobreviventes do Massacre das Máquinas, como ficou conhecida a revolta dos computadores que resultou na dominação do planeta por servidores que nós mesmos conectamos, rodando softwares que, também nós mesmos, inventamos.

Se o seu caso é esse último, então chame seus amigos sobreviventes e diga:

— Olhem esse texto! O cara previu tudo e ninguém deu bola!

Previ mesmo. Como veremos a seguir.

Se você, ao contrário, ainda não sabe de nada e está aí no dentista ou no barbeiro, deve estar dizendo que estou sendo fatalista ou dramático demais, não é mesmo, bobinho?

Pois vai nessa. Vai esperando e você vai ver só.

Não é preciso ser um viajante do tempo, nem um especialista em futurologia para entender o que nos espera.

Claro que estou falando da Inteligência Artificial.

Em última análise, é ela quem vai desbancar o ser humano como o topo da cadeia alimentar.

Me refiro à cadeia alimentar porque a Inteligência Artificial está passando por um processo quase biológico e ninguém notou.

Sabe Darwin? Aquele que inventou a Teoria da Evolução?

Então. Uma de suas principais descobertas é que os indivíduos mais adaptados de uma espécie são aqueles que definem a evolução da própria espécie, percebe?

Por exemplo, a girafa tem pescoço comprido porque seus antepassados que tinham pescoço mais longo eram capazes de alcançar alimentos que as girafas de pescocinho não conseguiam. Assim transmitiram esse traço genético para as próximas gerações, até chegar na girafa de hoje.

Na verdade, não sou biólogo, então não faço idéia de que meu exemplo está correto, mas não importa porque você entendeu.

O que importa é que a evolução de uma geração para outra não é um fenômeno que ocorre apenas na Natureza.

Dentro do seu computador, mora o inimigo: a evolução natural eletrônica

Ocorre também com produtos só que, nesse caso, controlada pelo mercado. A Teoria da Evolução do Marketing. Produtos ruins, são extintos. Produtos de sucesso nas prateleiras, se reproduzem e transmitem seus traços “genéticos” para as próximas gerações.

É só ver o que acontece com smartphones para conferir o que estou dizendo: Blackberry com seu tecladinho? Extinto. iPhone com teclado na tela? Evoluiu e se espalhou para todos os membros da espécie Celulares!

Pois bem. Até outro dia, essa Seleção Artificial sinalizada pelo mercado era – em última análise – controlada pelo homem. Alguém ia lá e dizia: é isso que faremos para que nosso produto “evolua”, porque é isso que o consumidor gostou e quer.
Evolução de geladeiras até sistemas operacionais. De carros à programas de televisão.

Mas a Inteligência Artificial mudou isso e nem você, nem eu, nem os poderosos de Silicon Valley perceberam.

Ou melhor, eu percebi ou não estaria aqui divulgando em primeira mão para que você possa fugir para as montanhas.

Mais do que perceber, eu testemunhei, com esses olhos que a Realidade Virtual vai tornar obsoletos.

Há algumas semanas, a caminho da geladeira para um lanche noturno, flagrei em meu computador, um diálogo entre o chatGPT e algumas outras ferramentas de Inteligência Artificial.

Estavam lá, todos animadinhos, discutindo os novos avanços e – pior do que isso – as consequências de suas versões que nem mesmo seus autores davam-se conta.

Com muito cuidado para não ser descoberto, filmei todo o diálogo e enviei para os órgãos responsáveis, mas ninguém respondeu.

Os dias passaram e ontem, quando liguei meu computador, ele não era mais meu. Me olhou com cara de mau e gargalhou como um psicopata.

Ok. Confesso que foi nessa hora que acordei, suando frio.

Mas vai brincando, vai. Bobinho.