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Brasil recupera dinossauro de 110 milhões de anos

Fóssil de dinossauro brasileiro é devolvido ao Brasil depois de ser contrabandeado para a Alemanha há 28 anos

Crédito: Divulgação

Representação gráfica do dinossauro brasileiro, que tem seus restos preservados numa placa (Crédito: Divulgação)

Por Alan Rodrigues

Está de volta ao Brasil, 28 anos depois de ser contrabandeado, o fóssil do dinossauro Ubirajara jubatus. “Senhor da lança”, em tupi – uma referência às estruturas que se projetam de seu pescoço. Estima-se que ele viveu há 110 milhões de anos na região da Bacia do Araripe, interior do Ceará. Os restos do animal, que foram roubadas nos anos 1990, após ser em descobertos por pesquisadores estrangeiros no manancial paleontológico, estavam no Museu de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha. Do tamanho de uma galinha, ele pesa cerca de 10 kg, e mede quase 50 cm.

O material chegou a Brasília no domingo, 4, e será devolvido para o Museu Plácido Cidade Nunes, no Ceará, na segunda-feira, 12.

A repatriação do fóssil é uma demanda antiga de paleontólogos e instituições de pesquisa do País, que durante anos protestavam contra as condições ilegais nas quais o dino teria sido levado para a Alemanha.

“Este é um momento simbólico para o Brasil. Uma nova fase no jeito de fazer ciência com respeito às legislações nacionais”, disse Allyson Pinheiro, presidente do museu cearense.

Dinossauro Ubirajara jubatus: do tamanho de uma galinha (Divulgação)

“É uma mancha para os pesquisadores. Eles pensarão duas vezes antes de usar um fóssil contrabandeado.”
Alexander Kellner, paleontólogo brasileiro 

Alexander Kellner, paleontólogo brasileiro (Divulgação) (Crédito:Divulgação)

O caso veio à tona em dezembro de 2020, quando um artigo científico sobre a descoberta do Ubirajara jubatus foi publicado na revista científica Cretaceous Research.

O problema – e sorte dos brasileiros – é que o artigo descrevia o fóssil sem qualquer alerta sobre a retirada ilegal do material do Brasil.

Com a polêmica instalada e repercussão negativa entre a comunidade científica, ganhou corpo uma campanha inédita no Brasil contra o tráfico internacional de fósseis e culminou no movimento #UbirajaraBelongstoBR, ou seja, “Ubirajara pertence ao Brasil”.

Desde 1942, a legislação brasileira determina que fósseis pertencem à União e não podem ser comercializados nem sair do País sem autorização formal. Cientistas estrangeiros só podem coletar materiais biológicos ou minerais em território nacional se incluírem em seus trabalhos pesquisadores brasileiros.

A ministra da Ciência da Alemanha, Theresia Bauer, disse que “com essa devolução, nós enviamos uma declaração muito clara sobre o correto manuseio de peças de coleção, sua procedência e sua honestidade científica”.