O poder de Lira

Crédito: Sergio Lima

Lira disputa com Lula para saber quem tem mais força (Crédito: Sergio Lima)

Por Germano Oliveira, Marcos Stecker e Victor Fuzeira

A guerra pelo poder travada entre Arthur Lira e Lula na semana passada, no auge das votações sobre o marco temporal e a MP da reestruturação dos ministérios, que esvaziou a pasta do Meio Ambiente de Marina, motivou aliados do presidente da Câmara, com a complacência de líderes governistas, a articularem um movimento reivindicando uma reforma ministerial. Acostumado às benesses do cargo com o recebimento de emendas generosas e cargos abundantes no governo, Lira exigiu ministérios para orientar a votação na Câmara de acordo com as vontades do petista. Chegou a pedir a cabeça de ministros, como Renan Filho (Transportes), primogênito do seu arqui-inimigo, o senador Renan Calheiros, colocando alguns dos seus no lugar, como Elmar Nascimento (União-BA). Não parou aí.

Reizinho

Lira tentou aumentar seu “reinado” e fez chegar a Lula que gostaria de ver seus aliados em ministérios ocupados pelo União Brasil, que não tem dado ao governo os votos esperados. Mas, aí, o presidente esbarraria em Davi Alcolumbre, que indicou três ministros, como Waldez Góes, e o senador é presidente da CCJ, a mais importante do Congresso.

Catástrofe

Lula, no entanto, não mordeu a isca e deu uma entrevista coletiva negando uma reforma ministerial e que só a faria se “houver uma catástrofe”. Mas como Lira disse que a partir de agora o governo “terá que caminhar com as suas próprias pernas”, insinuando que não moverá uma palha para aprovar projetos de Lula, essa tragédia pode estar por chegar.

Reforço contra o marco temporal

Cristiano Zanin: Supremo aguarda sua aprovação na sabatina no Senado nos próximos dias (Crédito: Mauro Pimentel)

Desde que Lewandowski deixou o STF, em abril, a Corte trabalha com 10 ministros, aumentando a chance de um empate. Para evitar esse risco nas ações mais importantes, como o marco temporal, o Supremo aguarda a aprovação de Cristiano Zanin na sabatina no Senado nos próximos dias, para que ele tome posse logo e evite um empate nessa matéria, que pode ser colocada em votação no dia 20. Lula torce e Alcolumbre corre.

Retrato falado

Ministra Simone Tebet: “Acompanho esse debate há 30 anos e nunca vi um momento tão propício para a Reforma Tributária” (Crédito:Evaristo Sa)

Simone Tebet (Planejamento) disse na quinta-feira, 1, durante seminário no Globo, que após a aprovação das regras fiscais a votação da Reforma Tributária será um dos pilares do governo para garantir responsabilidade social sem descuidar do fiscal. Para ela, essas iniciativas aumentarão a produtividade e o crescimento econômico, já que a mudança nos tributos simplificará a cobrança de impostos sobre o consumo. Ela acha que a reforma equilibrará o endividamento público.

O agro é pop

A divulgação feita pelo IBGE dos recentes dados do Produto Interno Bruto (PIB), em que a agricultura cresceu 21,6% no primeiro trimestre, elevando a expectativa do crescimento da economia de 0,8% para 1,9%, acendeu uma luz na gestão Lula 3: o agro precisa ser melhor tratado pelo governo. O presidente já chamou os agropecuaristas de “fascistas” e a ministra Marina de “ogro”negócio. Mas os números do desempenho do setor salvaram a economia brasileira de um cenário ruim. A melhora ocorreu graças a uma safra recorde este ano, de 310,6 milhões de toneladas, sobretudo de soja e milho. Em 20 anos, a produção do setor cresceu 258%, com grande ganho na produtividade.

Maior produtividade

A produtividade aumentou em função dos grandes investimentos no agronegócio, tanto públicos como privados. Prova disso é que a área plantada não subiu na mesma proporção da colheita. O Brasil plantou, este ano, 76,7 milhões contra 43,7 milhões de hectares há 20 anos. Os bons preços agrícolas também ajudaram.

Made in Italy

A três meses de sua realização, o Lide Brazil Conference Milan, que acontecerá nos dias 7 e 8 de setembro, em Milão, já tem alguns convidados confirmados, como é o caso dos ministros Jader Filho (Cidades), Camilo Santana (Educação) e Marcelo Freixo (presidente da Embratur), além dos governadores Claudio Castro (RJ) e Elmano de Freitas (CE).

Empreendedorismo

João Doria: incremento de comércio entre Brasil e Itália  (Crédito: Vanessa Carvalho)

O evento está sendo organizado pelo ex-governador João Doria, fundador do Lide, e um dos temas em debate será o incremento do comércio Brasil-Itália. O prefeito de Milão, Giusepe Sala, abrirá o seminário, que terá ainda as presenças de Paolo Zegna (presidente da Ermenegildo Zegna), Robson Andrade (CNI), Décio Lima (Sabrae) e do chef Alex Atala.

Rebeldia no PL

Renata Abreu, presidente do Podemos, e senador Zequinha marinho (Crédito: Robert Alves)

Após votar a favor do governo pela aprovação da MP dos Ministérios, o senador Zequinha Marinho (PL-RN) mudou-se para o Podemos, presidido por Renata Abreu. Ele foi o único do partido de Bolsonaro a votar contra a orientação de Valdemar. Mesmo assim, a sigla manteve a segunda maior bancada no Senado (11), atrás apenas do PSD de Kassab (16). O Podemos subiu para 5 cadeiras.

Toma lá dá cá

Kim Kataguiri, deputado federal (União-SP) (Crédito:Sergio Lima)

Por que o sr. diz que se o governo não entregar as emendas e os cargos oferecidos ao Centrão os riscos serão grandes?
O risco imediato é o governo não aprovar mais nada na Câmara. E, pior, seus ministros serão rotineiramente convocados em comissões e CPIs.

O que explica o enfraquecimento do MBL junto à direita?
Quando o movimento surgiu, vivíamos 10 anos de governos do PT. A pauta que nos uniu era tirar o PT do poder. Quando isso deixou de existir, houve uma fragmentação, mas agora há espaço para que cada segmento defenda sua visão de mundo.

O sr. vai aprovar a Reforma Tributária?
Espero a simplificação do modelo, a diminuição dos benefícios tributários e a redução da regressividade

Rápidas

* A derrota de Lula na votação do marco temporal poderia ter sido maior, não fosse o deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), que votou com a bancada governista. “Minha avó era indígena.” Já a deputada indígena Silvia Waiãpi (PL-AP) traiu a comunidade e votou a favor.

* O ex-ministro do Planejamento de Temer, o economista Esteves Colnago, volta a circular por Brasília. Assumiu, na semana passada, o cargo de diretor de assuntos legislativos da Confederação Nacional de Seguros (CNSeg).

* O governador Tarcísio (SP) conversou por quase meia hora com o ministro Alexandre de Moraes durante o coquetel oferecido aos convidados na posse dos dois novos ministros do TSE. Ambos foram embora sem comentar os temas do papo.

* Rogério Marinho (PL) luta para não perder o cargo de senador. Foi condenado pela Justiça do RN à perda do mandato por ter contratado uma funcionária “fantasma” quando era vereador de Natal. Vai apelar ao TJ-RN.