Comportamento

Nova York está afundando

Peso dos arranha-céus empurra o solo para baixo, e o nível das águas em volta de Manhattan sobe a cada ano

Crédito: Selcuk Acar

Skyline de Nova York mostra alguns das dezenas de prédios com mais de 50 andares construídos na ilha (Crédito: Selcuk Acar)

Por Carlos Eduardo Fraga 

Nova York afunda de 1 mm a 2 mm por ano. A princípio, parece pouco significante esse resultado de pesquisa da Universidade de Rhode Island, mas é algo que está na preocupação dos cientistas. O principal fator do afundamento da cidade não é encontrado em nenhum outro lugar do mundo. É o peso dos edifícios.

São cerca de 760 milhões de toneladas de vidro, aço e concreto. E essa estimativa não leva em consideração o peso de móveis e acessórios dentro das edificações nem a infraestrutura de transporte público.

A geologia do solo da cidade é complexa, apresentando pontos de areia, argila e rochas, determinando áreas de maior afundamento.

A questão passa pelo conjunto dos efeitos dessa pressão com outro dado preocupante, motivado pelo aquecimento global. As águas que banham Manhattan já subiram 22 cm nos últimos 70 anos, e podem subir mais 70 cm até 2050, dependendo das emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo.

Geólogo Augusto Nobre Gonçalves, professor da Universidade Federal de Santa Maria: “É lógico que não é possível simplesmente remover o Empire State Building (Divulgação)

“A captação de água subterrânea em excesso também é fator que acelera a subsidência.”
Augusto Nobre Gonçalves, geólogo

Soluções

O geólogo Augusto Nobre Gonçalves, professor da Universidade Federal de Santa Maria, explica os efeitos prováveis dessa subsidência, que é o termo técnico para o afundamento da cidade. “Se a gente tem uma progressão do nível do mar subindo e o nível da cidade descendo, primeiro teremos mais problemas com chuvas e tempestades, com a tendência de inundações catastróficas”, explica.

Mas ele admite que há soluções à disposição das autoridades. “É lógico que não é possível simplesmente remover o Empire State Building e levar para outro lugar. Mas existem soluções de engenharia, como obras de drenagem para formar ‘piscinões’ que distribuam essa água sem causar desastres e inundações”, sugere o geólogo.

Nova York não é a única cidade do mundo com subsidência. Jacarta, na Indonésia, e mesmo a Cidade do México estão em pior situação.

A capital mexicana afunda a um impressionante ritmo de 50 cm por ano, mas Nova York ganha maior preocupação não apenas por ser costeira, e sim por ser a cidade costeira mais povoada do planeta.

*Estagiário sob supervisão de Thales de Menezes