Por Germano Oliveira
* Colaboraram: Marcos Strecker e Samuel Nunes

Embora não faça parte da base aliada do governo e seja um partido declaradamente de direita, o Republicanos, presidido por Marcos Pereira, demonstrou o seu pragmatismo ao decidir votar a favor do governo sempre que as votações no Congresso objetivarem o desenvolvimento econômico. Dos 42 deputados da legenda, 34 votaram a favor do arcabouço que substitui o teto de gastos e apenas cinco ficaram contra as novas regras fiscais (três parlamentares não foram votar). “Vamos apoiar todas as pautas favoráveis ao Brasil”, reafirmou à ISTOÉ. Ele espera que após a aprovação da âncora fiscal o Brasil não gaste mais do que arrecada e que as taxas de juros caiam. Já quando se tratar de pautas ideológicas, a postura será outra: a sigla votou a favor, em massa, pelo marco temporal.

Tributária

Pastor evangélico licenciado, Pereira explicou que a disposição da ampla maioria dos parlamentares de
seu partido é votar favoravelmente também às mudanças do ordenamento fiscal. “A Reforma Tributária é a mãe de todas as reformas e apoiaremos o projeto em discussão no Congresso”, garantiu o deputado, que é, ainda, vice-presidente da Câmara.

Senado

Se na Câmara o Republicanos seguirá apoiando o governo Lula nas pautas econômicas, no Senado o quadro é mais complexo. Todos os quatro senadores da sigla são bolsonaristas, como Damares Alves e Hamilton Mourão. Mas, no Salão Azul, Lula está afinado com o presidente Rodrigo Pacheco, que, para se eleger, teve a maioria esmagadora de 49 votos.

Na linha sucessória

O nome do procurador da República Nicolau Dino, irmão de Flávio Dino (Justiça), tem sido citado para assumir a vaga de Augusto Aras na PGR, mas o parentesco com o ministro pode atrapalhar sua indicação por Lula. Nesse caso, Nicolau pensa em pleitear a vaga da ministra Laurita Vaz, que se aposenta este ano no STJ. Para a PGR, aumentam as chances do subprocurador-geral da República Paulo Gonet Branco.

Retrato falado

Roberto de Campos Neto ficou animado com a aprovação do arcabouço fiscal na Câmara, afirmando que as novas regras que substituem o teto de gastos eliminam a expectativa de risco de descontrole inflacionário. “O arcabouço tem o poder de influenciar a expectativa de inflação futura”, disse o presidente do BC. Ele, porém, ainda não se compromete a reduzir a taxa de juros na próxima reunião do Copom. “O processo de desinflação no Brasil ainda está em ritmo muito lento.”

Quadro positivo

A aprovação do novo arcabouço fiscal na Câmara, que deverá ser referendada também no Senado ainda este mês, melhorou
a conjuntura econômica. Projeções feitas por economistas do mercado financeiro indicam que o Brasil já começa a ter perspectivas de reduzir a taxa de juros no segundo semestre. Alguns estimam que a Selic pode chegar a dezembro
com uma redução de um ponto percentual, caindo dos atuais 13,75% para 12,75% ou até para 12,50%. O PIB também tem
um cenário mais positivo. No início do ano, os bancos previam um crescimento pífio, de 0,8%, mas no primeiro trimestre a prévia foi de 2,41% e, agora, Fernando Haddad já fala em alta de 1,5% a 2%.

Inflação em queda

A inflação também dá sinais de desaceleração. Considerado uma prévia da inflação oficial, que será divulgada no próximo dia 7, o IPCA-15 de maio subiu 0,51%, após ter atingido 0,57% em abril. Nos últimos 12 meses, o IPCA-15 ficou em 4,07%. O centro da meta do Banco Central para este ano é de 3,25%.

Canteiro de obras

O jornalista Marcello D’Angelo, que assumiu recentemente a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Paulo, diz ter sido nomeado para o cargo pelo prefeito Ricardo Nunes com a missão de dar conhecimento ao cidadão dos detalhes do maior plano de obras e investimentos da história de SP. Só em 2023 serão aplicados R$ 11,5 bilhões em obras.

Contas em dia

Isso só foi possível com o saneamento  a dívida com a União e com a Reforma da Previdência municipal, o que desafogou o caixa da Prefeitura em R$ 34 bilhões. O esforço foi reconhecido pela Fitch Rating com a classificação triple AAA para o risco da dívida paulistana. Antes de assumir a Secom, ele era diretor de Relações Institucionais da Band.

Bilionários de fora

O plano de trabalho da CPI das Americanas prevê que apenas diretores e ex-diretores da empresa sejam ouvidos pelos deputados que vão realizar a investigação. O relator da comissão, Carlos Chiodini (MDB-SC), resolveu deixar de fora da lista de depoentes os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. O rombo da companhia foi de R$ 40 bilhões.

Toma lá dá cá: entrevista com deputada Renata Abreu, presidente nacional do Podemos

Como a senhora avalia a cassação de Deltan Dallagnol?
Como muitos brasileiros, recebi com frustração a cassação de um parlamentar eleito com os votos de mais de 344 mil paranaenses.

A senhora acha que o TSE equivocou-se em sua decisão?
Respeitamos a decisão do TSE, mas entendemos que não foi a mais acertada, tendo em vista o histórico de aplicação da lei de ficha limpa, que não permite a ampliação de sua interpretação para indeferir registros de candidatura.

Acredita que ele deve recorrer da decisão do TSE e reverter a cassação no STF?
Ele deve recorrer e conta com o apoio jurídico do Podemos. Dallagnol venceu em todas as outras instâncias, por isso acreditamos na possibilidade

Rápidas

* O Lide, grupo de líderes empresariais dirigido pelo ex-governador de São Paulo, João Doria, já marcou data e local para o seu próximo evento internacional. O Lide Brazil Conference Milan acontecerá nos dias 7 e 8 de setembro deste ano em Milão, na Itália.

* Lula foi rápido ao nomear os dois novos ministros que vão compor o TSE: André Ramos Tavares e Floriano de Azevedo Marques Neto. A Corte quer acelerar o processo que pode levar Jair Bolsonaro à inelegibilidade.

* Dallagnol tentou usar a religião para convencer parte dos deputados da mesa da Câmara, declaradamente evangélicos como ele, a reverterem a cassação do seu mandato. O problema é que ninguém está disposto a brigar com o TSE.

* O governo brasileiro confirmou que a cidade de Belém (Pará), no coração da Amazônia, será a sede da COP30, a edição de 2025 da ONU sobre o meio ambiente. O anúncio foi feito pelo presidente Lula na sexta-feira, 26.