Comportamento

De volta ao espaço

Acordo de US$ 100 milhões do Brasil com a China prevê o lançamento em 2028 do satélite CBERS-6, que deverá ser usado para monitorar a Amazônia

Crédito: Elba Kriss

BRASIL-CHINA Brasileiros trabalham em satélite CBERS, em São José dos Campos (SP): novo equipamento será feito no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Crédito: Elba Kriss)

Um dos acordos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou com a China em sua recente viagem ao país favorece a corrida para prospecção espacial. Em conjunto, as duas nações desenvolverão o CBERS-6, satélite que ajudará a monitorar a Amazônia. O trabalho custará mais de US$ 100 milhões e a previsão é de que seja lançado em 2028.

Em 1988, os governos assinaram contrato para desenvolver satélites de sensoriamento remoto. Era o nascimento do programa Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, sob responsabilidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Atualmente, o Brasil tem dois satélites em órbita: o CBERS-4 e o CBERS-4A. Por aqui, as imagens provenientes são usadas no controle do desmatamento e queimadas. Segundo Vanderlei Cunha Parro, professor de Engenharia Elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia, as vantagens vão além: “Prever a safra brasileira, supervisionar fronteiras e entender a ocupação de cidades são exemplos do que um satélite CBERS permite.”

A partir da atual parceria Brasil-China, a sexta versão terá uma evolução.“O CBERS-6 possui uma nova tecnologia, o Radar de Abertura Sintética (SAR), que vai aperfeiçoar o monitoramento da Amazônia. O maior benefício é a geração de dados em qualquer condição climática e através de nuvens”, detalhou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em nota. São pontos a favor para o programa espacial brasileiro. Parro destaca que a cooperação proporciona supremacia: “Enriquece a engenharia e a indústria nacional.” Outro progresso é o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) com R$ 360 milhões para o desenvolvimento nos setores aeronáutico e espacial. O vislumbre é animador. “Dessa forma, é possível garantir a soberania nacional em tecnologias espaciais estratégicas”, aposta Elias Ramos de Souza, diretor da Finep.